domingo, 27 de maio de 2012

A Teoria do Biocentrismo

E se fosse a vida quem cria o universo, e consequentemente este não existisse sem a nossa consciência? Assim, em vez de assumir que a realidade precede e cria a vida, o Biocentrismo propõe exactamente o inverso.

À medida que nos desfazemos de preconceitos, a nossa percepção e relação com o mundo mudam drasticamente.  Vivíamos num disco mais ou menos plano no século XV até, coisa sem sentido, nos dizerem que afinal a terra é uma pedra redondinha. Do mesmo modo, as explicações da física tradicional sobre a génese do Universo confrontam-nos agora com as experiências e as descobertas no mundo da física quântica, renovando dúvidas e levantando novas incertezas; obrigam a mudanças de interpretação que colocam em causa a nossa própria representação da realidade.

Com o seu ensaio "Nova Teoria do Universo", o cientista Robert Lanza coloca-nos de repente perante perspectivas radicalmente diferentes:  limitações biológicas  nos impedem de compreender verdades mais profundas da nossa existência e do mundo que nos rodeia, bem como a nossa própria consciência cria a realidade.  A ideia coincide com as observações quânticas em que os resultados dependem da própria observação. Como escreveu Eugene Wigner, laureado com o prémio Nobel: "Não é possível formular as leis da teoria quântica de um modo absolutamente consistente sem referencia a uma consciência".  Em 2010, conjuntamente com Leonard Mlodinow, o Stephen Hawking colocou o problema nos seguintes termos: " Não há forma de retirar o observador -nós- da nossa percepção do mundo...na física clássica, o passado é assumido existir como uma série de acontecimentos. Mas de acordo com a física quântica, o passado, como o futuro, é indefinido e existe apenas como um espectro de possibilidades.

A teoria do Biocentrismo refere sete princípios:
1 A nossa percepção da realidade é um processo que envolve a consciência. Uma realidade "externa" se existisse, teria, por definição, que existir no espaço. Mas isto não tem qualquer significado porque espaço e tempo não são realidades absolutas, senão meras ferramentas do humano e cérebro animal.
2 As nossas percepções internas e externas estão inextricavelmente entrelaçadas. São diferentes lados de uma mesma moeda e não se podem divorciar uma da outra.
3 O comportamento das partículas sub-atómicas, de facto de todas as partículas e objectos, está inextricavelmente ligado à presença de um observador. Sem a presença consciente do observador, as partículas existem, no melhor dos casos, apenas no estado indeterminado de probabilidade de onda.
4 Sem consciência a matéria permanece num indeterminado estado de probabilidade. Qualquer universo que poderia ter precedido a consciência apenas existiu em estado de probabilidade.
5 A estrutura do universo só pode ser explicada através do Biocentrismo.O universo está sintonizado com a vida, o que faz sentido, porque a vida cria o universo e não o contrário. O universo é simplesmente o conjunto lógico espaço-temporal do Eu.
6 O tempo não tem real existência fora da percepção do sentido-animal. É o processo pelo qual perceptimos mudanças no universo.
7 O espaço, como o tempo, não é um objecto ou uma coisa. O espaço é uma outra forma de compreensão animal, e não uma realidade independente. Carregamos o espaço-tempo como tartarugas as suas carapaças. Portanto não há nenhuma matriz existindo por si própria na qual  ocorram acontecimentos independentes da vida.

Pensando no tempo pensamos imediatamente na sua natureza perversa, quando as pessoas envelhecem e morrem, pensamos ainda nas coisas que vão mudando.Mas esses acontecimentos, essas mudanças não são a mesma coisa que "tempo". Referindo à questão colocada por Hawking e Mlodinow, Robert Lanza responde que "a peça em falta somos nós, encontra-se em nós. A imortalidade não significa perpetual -linear- existência no tempo, reside simplesmente fora do tempo. A vida é uma viagem que transcende o nosso pensamento clássico".

Como diria Einstein, a distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma teimosa e persistente ilusão.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Os verdadeiros responsáveis pela crise na Europa

O governos liderados por Berlusconi na Itália e Papandreou na Grécia caíram sem o voto de desconfiança dos respectivos parlamentos. E ambos primeiro ministros foram substituídos, sem eleições, por tecnocratas de um banco: o Goldman Sachs. Uma estranha forma de democracia. Não ficaram por aqui; o mesmo banco colocou o seu antigo director para as operações na Europa, o Sr. Mário Draghi, como director do Banco Central Europeu. Diabo! Então como acontecem estas coisas?

Na verdade, começa pela impunidade de que as oligarquias politicas gozam apesar de durante anos promoverem o empobrecimento do país e das pessoas.

O país que deu luz à democracia, aquele que estruturou todo o pensamento ocidental, é insultado pelos média ao serviço da grande finança, e nós, aos poucos, até começamos a acreditar.

A génese da ignomínia tem simplesmente a ver com a forma como a banca lidou com os empréstimos acordados ao estado. Começou em 2000 quando o banco Goldman Sachs ofereceu os seus serviços para maquilhar o défice das contas públicas, em troca de choruda remuneração, afim de fazer parecer que o país tinha contas equilibradas, e assim aceder aos fundos europeus. Entretanto o objectivo do banco é vender "Swaps", na forma de CDS (credit defaut swap) ao país. Do que se trata? Simplesmente de empréstimos contra reembolsos periódicos. Mas a taxa de juros fica indexada sobre a avaliação de risco financeiro que é determinado pelas agências de rating como a Standart and Poor. Portanto bastará a agência de rating considerar  o risco mais elevado para os juros subirem. Como os juros sobem, apesar do país continuar a honrar os pagamentos, torna-se mais interessante o negócio para os bancos que vão ganhando cada vez mais. É então que se torna mesmo apetitoso: o banco detentor da dívida vende a outros bancos, neste caso a bancos gregos a dívida do seu próprio governo, oferecendo ainda uma protecção (uma espécie de seguro contra os riscos de boa cobrança), e recebe parte dos juros pela protecção de risco. A agência de rating avalia então o risco como ainda maior, e a Goldman Sachs vende também a protecção de risco a outro banco. Como aconteceu em Portugal com o BPN, há que salvar o banco grego, e assim vão os contribuintes pagar. Quanto mais subirão os juros mais apetitoso se tornam os negócios, menos capacidade de honrar os compromissos por parte do país, piora o rating, e assim sucessivamente até à situação que hoje conhecemos.

São depois os mesmos banqueiros que vêem se apregoar salvadores do mundo, começando por colocar os seus boys, (já os iremos analisar mais adiante) nos lugares chave para poder impor as "necessárias" medidas de austeridade. Segue aqui uma pequena lista, infelizmente incompleta: Todo o dinheiro que se arrecadará irá directamente para os cofres da banca.

- redução do ordenado mínimo.
- supressão do 13 e 14 mês.
- aumento do IVA para 23%.
- aumento dos transportes públicos.
- aumentos dos combustíveis
- aumento dos impostos sobre tabaco.
- supressão do pagamento de horas extraordinárias.
- redução dos salários dos funcionários.
- venda de terrenos e edifícios públicos
- privatização de caminhos de ferro, distribuição de água e electricidade.
- titularização das receitas de lotaria
- redução do orçamento na saúde
- redução no orçamento para o ensino
 Também somos gregos, pois aplicaram a mesma receita a Portugal e à Espanha. A mesma! Não é  Estranho?

Em jeito de observação, a Standart and Poor acabou de comprar à Goldman Sachs o seu "Indice de mercadorias" por 60 biliões de Dólares. Ah, já me esquecia: a Standart and Poor pertence ao aglomerato de companhias Mcgraw-Hill, que tem na sua direcção conselheira a Senhora Barbara Bush. Ainda para a pequena informação, uma notícia que testemunha como estas agências trabalham: saiu na semana passada o relatório do Sub-Comité de Investigação do Senado norte americano responsabilizando a agência Moody's e a Standart and Poors, como estando na base da crise financeira de 2008, a maior desde a grande depressão. A actuação foi muito simples uma vez mais: A S.& P acordou com os bancos a atribuição do melhor ranking (AAA) a produtos de maior risco de crédito para que os bancos os pudessem vender aos fundos de pensões, sabendo que estes só compram produtos de ranking AAA. E agora centenas de páginas  e centenas de e-mails provam que estas duas agências fizeram exactamente isto, em concertação.

Vale a pena perder mais uns minutos para conhecer alguns dos boys da Goldman Sachs que promovem autênticos golpes de estado.
Mário Monti, nomeado, sem elecções, 1º ministro da Itália, conselheiro internacional da GS (Goldman Sachs), antigo Conselheiro Europeu, conselheiro Internacional da Coca Cola, administrador da Barilla center for food and nutrition, Ex administrador de Fiat, Ex administrador de Assigurazzioni Generali, Ex administrador de Banca Commerciale Italiana, Ex administrador de IBM Itália, etc. Ah, e membro da Comissão Trilateral, of course.

Lucas Papademos, nomeado, sem eleições, primeiro ministro da Grécia, foi governador do Banco Central Helénico, entre 1994 e 2002, e, a esse título,  participou na operação de encobrimento das contas públicas perpetrada pela G.S. Ah, e membro da Comissão Trilateral, naturalmente.

Paul Deighton, director geral do comité organizador dos Jogos Olímpicos 2012, 22 anos trabalhando na Goldman Sachs...

Por último, mas não menos importante, Mário Draghi, Presidente do Banco Central Europeu. Foi vice presidente da GS para a Europa entre 2002 e 2005. Uma das suas missões era vender o produto financeiro "swap", a países soberanos permitindo a dissimulação de parte das dívidas de estado. (soberanas). Agora como supremo banqueiro da Europa, imagine-se como o BCE vai intervir no apoio financeiro aos estados. Passa-se assim: o BCE manda o dinheiro para os bancos do país, e estes o "entregam ao estado", cobrando uma comissão. Pois é isso mesmo: os bancos continuam a ganhar, mesmo nestas circunstancias. Imoral? Certamente! Ah, adivinhe... Acertou! Sim, o senhor é membro da Comissão Trilateral.

Pouparei ao leitor a extensa lista de todos os GS boys que ocupam cargos importantes na vida pública Europeia. Contra a Goldman Sachs correm vários processos legais, nomeadamente a chamada "subprime crisis" nos Estados Unidos e na Europa, além da forte suspeita de fraude na Europa, claramente ligada ao desastre financeiro grego. Mas a Europa encontra-se agora com estes senhores ocupando lugares extremamente importantes a nível de governos e no Banco Central Europeu. Como é possível que os outros políticos não questionem quanto ao conflito de interesses?  Como é possível a Goldman Sachs ter acesso legal aos mais altos níveis de Estados e da União Europeia? Por demais estes boys não chegaram de mansinho, mas sim com todos os dentes fora, rosnando austeridade, austeridade, austeridade...

Verificou-se na Grécia, em Espanha e Portugal que para a aplicação das medidas de austeridade, as oligarquias financeiras estão dispostas a recorrer à repressão policial, apesar da má imagem que isso transmite. Assim iniciaram desde há meses uma luta ideológica com a colaboração da imprensa "profissional", a mesma que ainda há bem pouco tempo não se cansava em denunciar a submissão dos poderes públicos à ditadura quer dos bancos, quer das agências de ranking. Progressivamente passaram a usar aquelas "frases de choque", colocaram debates entre "especialistas", controversas entre jornalistas, em suma um grande circo para propagandear a crise. A imprensa tornou-se a correia de transmissão das posições defendidas pelos adeptos de uma austeridade implacável. As redações dos média começaram a considerar a crise como a solução para desinfectar as finanças públicas. A campanha levada a cabo pelos banqueiros conta ainda com a ajuda de "economistas consagrados"que nos orientam entre retórica e urgência para a mesma desinformação. Esta desinformação, porém, não poderia frutificar sem  a cumplicidade, consciente ou não, dos jornalistas, numa atitude que pouco ou nada tem a ver com a neutralidade que tanto proclamam. Assim, contribuem fortemente para que os parlamentos e os governos se tornem as melhores sucursais do sistema bancário.

Os desvios que trazem opressão deverão ser contestados e eventualmente combatidos por TODOS os meios, em nome do direito natural à resistência do povo para se opor à manifestação de poderes violentamente arbitrários; assistimos a uma tirania financeira, politica e social, intimamente ligada à arrogância e ao excesso. Disse TIRANIA! Tirania, etimologicamente, significa, em grego, "poder ilegítimo" Quanto aos políticos, ainda que eleitos, provêm de uma oligarquia; conhecemo-los também pela insolência donde brota, sem sombra de dúvidas, uma forma de tirania imposta pelo enfraquecimento moral dos governantes que promovem a desconfiança e o empobrecimento dos cidadãos.









sexta-feira, 18 de maio de 2012

Suicidio

"Quando um velho morre, é uma biblioteca que arde", disse, com verdade, Amadou Hampaté Ba. O Dimitris Christoulas não foi o primeiro suicida na Grécia, nem o último entre pessoas decentes, nos países a sul da Europa, como resultado da austeridade que nos tornou todos prisioneiros da dictadura da Troika e de governos fantoches e corruptos.

Quando um homem decide apagar a sua chama interior desta forma, ilustra de maneira abjecta a que ponto  tentaram responsabilizar as populações, negando a calamidade no quotidiano, como se o drama se circunscrevesse à salvaguarda única e exclusiva dos interesses bancários, e desde logo tolerável que as populações sofram as politicas dos governos Oligárquicos. Assim impuseram o desespero, como sentimento de normalidade.

Há algumas semanas perdi um amigo; o José Banha suicidou-se, por razões semelhantes às do Dimitris Christoulas.  Falar do meu amigo, é falar de um homem bom como o pão, é exteriorizar uma emoção que, por pessoal, não a torna menos universal. Foi daqueles que trabalhou, trabalhou, trabalhou...e digo: o meu amigo não se suicidou; na realidade foram aqueles filhos da puta que o mataram.

Os paspalhos que nos governam não falam dele; mas deveriam, e nós também! E podíamos acrescentar que somos todos gregos, e estes do mesmo modo, são todos portugueses. Há cada vez mais Dimitris e Josés Banhas, cada vez mais pessoas a não tolerar o intolerável. Contrariamente ao que nos querem fazer crer, isto não é, nem nunca foi, uma questão de contabilidade. Se 70% da massa monetária (fiduciária) encontra-se bloqueada nos cofres bancários, e 90 % da "dívida" são juros, então não preciso de saber muito mais para afirmar que a banca é culpada de tudo, e os governantes cúmplices activos: por exemplo se eu compro uma casa com empréstimo bancário, o vendedor ao receber o dinheiro da venda vai depositá-lo noutro banco, portanto ninguém fica privado do dinheiro anteriormente em circulação. Mas logo que um dos bancos perde confiança no outro banco quem vai sofrer as consequências é o Zé do Povo. E se algum desses bancos tiver dificuldades os governos estão cá para nos dizer para pagar mais impostos porque é necessário socorrer o pobre do banqueiro. É insano!

Na realidade, para "eles", a questão não se resume ao dinheiro, senão à capacidade de se apoderarem de tudo, empresas, casas, e do resto, até ficar-mos tão enfraquecidos que não mais poderemos protestar. Assim, quando o desespero bater à porta do vizinho, viramos a cara para o lado, e, se por engano bater à nossa, o vizinho fará a mesmíssima coisa, ambos esquecidos que a doença era contagiosa.

Mais uma palavra sobre o meu amigo: lendo os jornais, consultando as notícias "oficiais", não mais encontrei que uma constante teimosia em diluir, reduzir o drama de um suicídio a uma conjuntura, uma crise, referindo-se à "situação global do sector", á "divida do país", eventualmente "à necessidade de fazer algo", sem porém nunca apontarem o dedo aos responsáveis. Caramba! Além do mais são tão isentos de humanidade que nem percebem o intimo de uma tragédia, a catástrofe de uma família.
A comédia e a afectação insultam a base da inteligencia e do coração.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Jogos Olímpicos e mobilização militar

Nunca, desde a segunda guerra mundial, tamanha capacidade bélica se tinha concentrado em Londres; os meios são simplesmente impressionantes:

- 13 500 militares mobilizados; isto é um número superior ao contingente que serve actualmente no
   Afganistão. (9 500)
- O número de seguranças contratados: 23 700 homens.
- Forças policiais nacionais, Scotland Yard, SAS, MI5,
   UKSF, forças especiais de intervenção rápida,
   todos os serviços de segurança e vigilância
   mobilizados.

- Jactos rápidos, (caças) e helicopteros patrulharão os céus de Londres.
- O maior navio de guerra britânico, o HMS Ocean, ficará atracado no
   Tamisa, servindo como porta helicópteros.
- Um Boeing E30 AWACS, patrulhará os céus.
- Baterias anti-aérias equipadas com misseis terra-ar instaladas em
   telhados de zonas habitacionais.

O total das medidas excepcionais de segurança com custos estimados em 1.2 ml milhões de Euros.

Surpreendente, extravagante, inexplicável, toda esta panóplia adicional, na cidade reputada a melhor e mais defendida do mundo contra ataques exteriores. Se, no passado recente, Londres sofreu actos de terrorismo, foi a partir do interior, por terroristas que simplesmente transportaram engenhos explosivos em mochilas. Ora não é certamente com meios aéreos, misseis terra-ar, e gigantescos navios de guerra que se previne este género de terrorismo; a desproporção de meios corresponde a pretender matar um rato com tiros de canhão.

A cidade habituou-se a acolher importantes concentrações dos mais proéminentes dirigentes mundiais, por exemplo aquando do recente casamento do príncipe William, sem que porém os meios aéreos, navais e balísticos fossem accionados, nem a fobia do terrorismo atingisse o paroxismo a que se assiste. Naturalmente, nessas ocasiões ninguém esperaria um ataque aéreo ou naval contra Londres. Mas então porque o estariam agora a considerar? O que é que escondem?

Que presságio ou conhecimento justificam a quantificação e os meios, senão a previsão de uma contingencia tão calamitosa que não poderiam partilhar a informação?  Ou trata-se meramente de expor ao mundo o poder belicista do país, e simultâneamente mostrar á sua população que a Inglaterra continua sendo uma grande potencia militar? Assim, os britânicos acabariam substituindo a circunspecção pelo grotesco. Em qualquer dos casos estes J.O. colocam-se nas antípodes do espírito Olímpico de Pierre de Coubertin. Do espírito e da letra; veja-se a letra do tema musical escolhido para a abertura oficial dos Jogos:

"LONDON CALLING"
"Londres chama as cidades distantes
Agora a guerra está declarada, e a batalha começa
Londres chama o submundo
Saiam do armário rapazes e garotas
Londres chama, agora não nos olhem
A farsa da beatmania comeu poeira
Londres, vejam que não oscilamos
Aceita a coisa pelo toque

Coro
A era do gelo está chegando, o sol está sumindo
Degelo esperado, o trigo cresce fino
As máquinas param, mas não tenhas medo
Porque Londres está afogando, e eu vivo junto ao rio

Londres chama para a zona de imitação
Esquece irmão, podes ir lá sozinho
Londres está chamando os zombis da morte
Deixa de te agarrar, dá mais um suspiro
Londres chama, e eu não quero gritar
Mas enquanto falamos, vejo-te acenar de cabeça fora
Londres chama, vê não temos superioridade
Excepto aquela de olhos amarelados

Coro

Agora pega isto

Londres chama, sim eu também esta lá
E sabes o que eles disseram? Bem em parte era verdade
Londres chama, para o topo do relógio
Depois disto, não me dás um sorriso
Londres chama

Nunca me senti tão igual, tão igual, tão igual..."

 Ambivalências extremas, numa capital de zombis, chamando ao pesadelo, numa atmosfera apocalíptica. A meu ver, no que toca ao espírito olímpico esta letra é profundamente consternante, embora bem adaptada ao carácter grotesco anteriormente relatado. Não posso deixar de associar a letra do tema escolhido com as medidas de segurança tomadas, como se a soma de ambas resultasse numa profecia tão iminente quanto dramática.

Assim fala-se das medidas de segurança, da fobia do terrorismo, dos custos, de teorias da conspiração, e de mil e uma coisa relativas a estes J.O., não deixando de surpreender o pouco que se comenta relativamente à parte desportiva, e confraternizadora do evento. É como se o essencial tivesse sido banido destes Jogos. Tudo está preparado para o "Grande Evento", seja lá o que isso significa. À vista de tudo isto imagino que se o Pierre de Coubertin pudesse se levantar de entre os defuntos, preferiria ficar onde está do que presenciar esta demência.


Finalmente, apesar de tentarem lhes retirar o conteúdo, os Jogos Olímpicos comportam ritos próprios; no dia dez de Maio, frente ao Templo de Hera, construído há mais de dois mil e seiscentos anos no Monte Olimpo, uma senhora vestida de Sacerdotisa usou um espelho côncavo para concentrar os raios solares que acenderam a tocha Olímpica. Apesar do que estão fazendo à Grécia e aos gregos, naquele dia não houve nuvens no horizonte.



Esperemos que dia vinte sete de Julho, quando começarem os jogos, as trevas tão pouco se aproximem de Londres, e do mundo.



terça-feira, 8 de maio de 2012

O Maior centro de Espionagem do mundo: "Data Center of Utah"

Ficará operacional em 2013, o "Data Center de Utah", o mais sofisticado, o maior  centro de espionagem que o mundo conheceu. A população norte americana acorda lentamente para uma nova realidade, onde emails, telefonemas, listas de compra on-line, chat na net com amigos, redes sociais, buscas que se fazem no Google, ou seja virtualmente toda a sua vida fica armazenada e eventualmente vasculhada.

Progressivamente, as agências de informação governamentais ficaram cada vez menos tolerantes com a salvaguarda da intimidade individual consagrada na lei. O programa "Total Information Awareness" foi iniciado sob a tutela da administração do G.W. Bush, no inicio do seu primeiro mandato. Porém o Congresso liquidou o projecto em 2003, depois de severas criticas sobre a possibilidade de invasão da privacidade das pessoas. Mas a NSA, Nacional Security Agency, não abandonou as suas pretensões.

As manhas e as ilegalidades sucederam-se, escapando inclusive ao controle do Foreign Office Surveillance, a autoridade que controla e autoriza a recolha de dados no interior dos EUA. Instalando monotorizadores electrónicos nos principais postos de companhias de telecomunicações, (Verizon, AT & T..) armazenaram uma quantidade exponencial de informação. Apesar do facto de se poder armazenar tanta informação como um tetrabyte em dois centímetros quadrados, instalações especificas para tratamento tornaram-se indispensáveis. Finalmente, quando o congresso votou a favor do "FISA Amendments act of 2008", tornou legal estas práticas; simultâneamente as telecom que concordaram em participar na vasta empresa de espionagem obtiveram garantias de imunidade perante a justiça.

As instalações actualmente em construção são simplesmente assombrosas: 300 000 m2 de área útil; 2.2 biliões de dólares investidos; requer 65 Megawatts de potencia eléctrica; 6.5 milhões de litros de água por dia;  60 000 toneladas de equipamento de arrefecimento(o equivalente á soma das duas torres gémeas). Embora muito importante, não se tratará apenas de recolher dados sobre os cidadãos americanos. Com esta ordem de grandeza, para armazenamento de informação, fica em falta o respectivo tratamento.

Carece, o "Centro de espionagem", de um elemento vital que  tem vindo a ser secretamente desenvolvido no Tennessee; o mais potente computador jamais contruido. Ultrapassou a barreira do pentaflop, e o próximo objectivo será atingir o hexaflop; um quintilhão de operações por segundo. Da potencia de cálculo dependerá a outra missão: a quebra do AES, o Padrão de criptografia Avançada, que foi reputado inquebrável, e por isso é usado para as transações financeiras, o correio corporativo, e a correspondência diplomática. Aos olhos da NSA, esta razão, só por si, já justificaria a construção do Centro de Espionagem.






quinta-feira, 3 de maio de 2012

Espionagem legal nos EUA

O controle das massas e o rastreamento de cada pessoa numa sociedade Orwelliana já começou. Se nos podem escutar as conversas através do micro, mesmo quando o telemóvel se encontra desligado, se dispõem de leitores automáticos de matriculas de carros, um leitor/quilómetro quadrado em Washington, se instalaram "iluminação publica inteligente com câmara", para nos ver e ouvir, se o Big Brother invadiu a nossa privacidade, se tudo isto não basta, quero ainda aqui referir mais um episódio do reforço de monitorização; provém dos EUA, como seria de esperar.

Com efeito, em breve não haverá mais necessidade de radares nas estradas norte americanas; uma caixa negra instalada no carro, informará a policia no momento em que o automobilista ultrapassa a velocidade limite, debitando instantaneamente a multa na respectiva conta bancária. Aquando de um acidente, as companhias de seguros determinarão causas e culpas, pela simples consulta destas caixas negras instaladas em todos os carros novos vendidos nos EUA a partir de 2015. Na verdade as seguradoras não necessitam destas caixas para aceder à informação em caso de acidente, porque os componentes computorizados dos airbags registam a informação relevante segundos antes e depois de  acidente. Então, o que está aqui em causa?

A verdadeira utilidade do novo dispositivo não reside na gravação de dados sobre acelerações e travagens. Através do GPS todos os automobilistas ficarão localizados em permanência; é esse o real objectivo. Pela forma como a lei foi proposta, qualquer informação gravada na caixa permanece propriedade do dono do vehiculo. No entanto as autoridades terão acesso aos dados em determinadas circunstancias. Há tantos exemplos apontando governos, autoridades e até organizações privadas, que se aproveitam indevidamente de informação para espiar o cidadão, quem nem vale a pena nos debruçar sobre a questão....

Entretanto um "Spy Center", o maior e mais sofisticado de sempre, ficará operativo a partir de Setembro 2013, em Camp Williams, Utah. Além de recolha de dados, será também um centro de decriptagem capaz de quebrar códigos de transacções financeiras, dados científicos, informação intergovernemental, informação diplomática, etc...Para colecta de informação, a NSA já criou uma rede de monitorização, que vai desde os e-mail, até ao simples contacto telefónico.

Sabemos então que, apenso ao ficheiro de cada pessoa, no banco de dados do Spy Center, estarão também as suas deslocações, tempo e modo de condução e tudo aquilo que se passou ou disse dentro do vehiculo.

Wellcome à terra dos Homens Livres!

terça-feira, 1 de maio de 2012

Lei Marcial nos Estados Unidos

O decreto foi postado no site da Casa branca na sexta feira 16 de Março, 2012. A Lei Marcial, sob o nome de "Protecção dos Recursos",  tornando o presidente único decisor, sem ter de prestar contas a ninguém. Obama detém o poder absoluto em matéria de defesa nacional, com as respectivas implicações para o país e para a democracia.Tudo isto em tempo de paz...
http://www.whitehouse.gov/the-press-office/2012/03/16/executive-order-national-defense-resources-preparedness

Tentemos compreender algumas implicações: a lei Marcial em tempo de paz é uma preparação, uma espécie de projecto, daquela que será efectivamente declarada. Ficou delineado o plano director para prestar ao presidente todo e qualquer recurso julgado necessário; na prática significa que absolutamente tudo pode ser requisicionado, racionado, e controlado pelo governo; materiais de construção, meios de transporte,(particulares inclusive),  alimentos, gado, manteiga, açúcar, todas as importações, os combustíveis, as roupas, etc.

A partir de agora já nem é necessário uma guerra; depois deste decreto o governo pode assinar contratos, sem concurso, com grandes sociedades, conceder empréstimos e garantias, em nome da promoção da Segurança Nacional. E nada melhor que uma guerra, para gerar enormes lucros para estas sociedades... à custa do povo. De acordo com a própria constituição americana, pode-se entender o recurso a um decreto-lei outorgando tamanhos poderes e competências, para agir sobre uma realidade excepcional. Porém, nesse caso, o dirigente máximo do país tem de prestar os esclarecimentos que justifiquem a excepcionalidade dessa mesma realidade, de acordo com um regime que se apregoa democrático. Nada disso foi feito; pelo contrário, o decreto saiu uma sexta feira, sem que qualquer explicação ou debate contraditório, o tivesse antecedido.

 Tipicamente o decreto da lei marcial acompanha a suspensão da lei civil, direitos civis, habeas corpus e a aplicação ou extensão da lei e justiça militar aos civis. Em 31 de Dezembro 2011 foi votada a lei "National Defense Authorization Act", NDAA, que permite a administração norte americana deter indefinidamente  e sem processo, todo o cidadão americano suspeito de representar uma ameaça para o país. Leu bem, sem acusação formada, sem processo e indefinidamente!

Portanto há agora nos EUA um presidente com poderes ilimitados sobre os bens e sobre as pessoas do seu país. Qualquer cidadão poderá ser detido para sempre, ser ordenada a sua execução ou tortura, de acordo com uma simples suspeita. Em contrapartida quem proferir uma obscenidade, por exemplo, arrisca a prisão nos termos descritos. Mesmo que Obama nunca venha a usar todos estes poderes, parece-me absolutamente aterrador que ele possa legalmente dispor de tão ilimitada autoridade.

Os EUA se preparam para uma guerra, ou uma catástrofe de grande amplitude? Vão atacar o Irão, a China, ou a Rússia? Esperam um grande tremor de terra, o impacto de um asteróide na terra, ou a invasão de extra terrestres? Aguarda-se alguma revolta pública no país que justifique estes meios? A actual crise financeira Europeia, que sabemos ter sido propositada, está relacionada com isto? E a breve implantação de chips nos EUA a partir de Março 2013?  O Clube Bilderberg, que se reúne na Virgínia entre 31 de Maio e o  3 de Junho, tem planos para o futuro Governo Mundial, e ordenou o inicio das operações?  Mistério! Mas certamente não teremos de esperar muito mais para sabermos.