quarta-feira, 18 de abril de 2012

O Mandato dos Cavaleiros do Templo

Setecentos anos depois da execução do Mestre da Ordem dos Cavaleiros do Templo, permanecem todavia questões essenciais sem resposta clara, e mistérios por desvendar; talvez por isso mesmo continuam a nos fascinar. Porquanto se possa investigar, há perguntas ás quais podemos tentar responder, ainda que apenas parcialmente: Como surgiram os Templários, como e por quem foram mandatados, qual a sua missão, e que segredos encontraram enquanto escavaram no Templo de Salomão?

O Estevão Harding nunca confundira fé com cegueira. Abade da Ordem Cisteriana, da qual fora co-fundador em 1098, podia finalmente dedicar-se ao esclarecimento das dúvidas que mantinha quanto à exactidão da tradução das escrituras.

Fora necessário traduzir do original hebraico diretamente para latim. Por felicidade o mais célebre dos sábios judeus, Rashi, vivia relativamente perto da abadia, na vila de Troyes. A sabedoria e esclarecimento do velho Rabi Rashi trouxeram-lhe perspectivas novas, colocando em causa algumas passagens do antigo testamento, mas também princípios fundamentais da fundação da própria Igreja. Outro foco de sabedoria Rabínica encontrava-se em Metz, a mais de duzentos quilómetros, mas era necessário confirmar as traduções de Rashi. A partir do que aprendera com os Rabis, Estevão Harding revisitou e corrigiu a Bíblia latina de Gerónimo; dez anos de trabalho, numa abadia pobre, com poucos com quem partilhar abertamente o que aprendera; para além do trabalho traduzido, muito mais haveria por transmitir.

Em 1112, entra no monastério aquele que viria a ser o seu aluno preferido: Bernard de Clervaux. O Mestre conta então com cinquenta e dois anos, e o jovem de vinte e dois é um aluno brilhante. O Bernard ficará junto a Harding por três anos, para depois ir fundar a sua própria abadia, em Claire Vallée. A extraordinária personalidade de Bernard, o seu singular magnetismo, rapidamente atrai muita gente, entre os quais Hugues de Payns a quem o Abade mandata numa missão que irá determinar a face da sociedade medieval durante séculos.

De Payns acompanhado por oito companheiros apresenta-se ao rei Balduim II de Jerusalém em 1118, com o desejo de proteger os peregrinos dos infiéis, na sua caminhada à Terra Santa. Podemos nos interrogar como apenas nove cavaleiros, ainda que aguerridos, pudessem proteger os peregrinos num mundo infestado de bandos organizados e hostis; certo é que Balduino II cede-lhes as cavalariças do Templo de Salomão. Estas cavalariças podiam acolher cerca de mil cavalos, o que parece um espaço excessivo para apenas nove homens. Durante nove anos, permanecem ali, sem aceitarem mais ninguém no seu seio. Qual a verdadeira natureza da missão destes nove cavaleiros? Talvez a resposta tenha sido encontrada em 1990, quando um grupo de arqueólogos Israelitas descobrem, nas cavalariças do Templo, sinais de antigas escavações, que segundo eles, poderiam ter sido realizadas pelos...Templários.

Hugo de Payns mantém a correspondência em dia com o mentor da missão, Bernard de Clervaux. Depois de nove anos de presença nas cavalariças do Templo, regressam a França com os seus companheiros. Imediatamente são recebidos pelo abade; aparentemente trazem informações importantes, pois prontamente Bernard de Clervaux toma contacto com vários Rabis da região. O Bernard de Clervaux tornara-se entretanto um personagem incontornável no seio da Igreja, sendo pai espiritual do Papa em exercício. Um ano depois da chegada dos cavaleiros convoca o Concilio de Troyes, escreve do seu próprio cunho as regras da ordem e funda oficialmente a Ordem dos Cavaleiros do Templo.

O Hugo de Payens, primeiro mestre da ordem, era casado com Catherine de Saint Clair, oriunda de uma família de origem Normanda, que tinha participado na primeira cruzada em 1096, e cujo patriarca seguira Guilherme o Conquistador, em 1060, para a Inglaterra, instalando-se na Escócia. De Payens viajou precisamente para os domínios de Saint Clair, onde mais tarde se construíra a capela Rosslyn, e cria aí a primeira ramificação da Ordem fora de França. Os de Saint Clair, mudaram o nome para Sinclair, inspiraram o "Saint", Simon Templar, e são ainda hoje uma nobre e prestigiosa família com assento na Câmara dos Lordes em Londres. Entre várias teses em presença, alguns pretendem que Saint Clair deriva de "Sang Clair", estando de alguma forma ligados ao "Sang Royal", ou seja o famigerado St. Graal.

Monges e guerreiros, os Templários acederam sem duvida alguma a segredos esotéricos quando se instalaram nas cavalariças do Templo de Salomão; mistérios que ainda hoje permanecem por desvendar, e cuja guarda foi confiada a Bernard de Clervaux, (mais tarde santificado, São Bernardo) e que o Vaticano ainda guarda ciosamente. Analisaremos num próximo post como São Bernardo e o Vaticano pretendendo ajuda dos Templários para eliminar os Cátaros, e, pela primeira vez, os Cavaleiros do Templo não obedeceram.



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