sábado, 21 de abril de 2012

Graal, Templários e Cátaros

Viver em pobreza e castidade, num lugar hostil e perigoso, empoeirado e semidesértico, deixando para trás riquezas, belas mulheres, ambientes aprazíveis e lugares na corte, parece a escolha menos óbvia para qualquer cavaleiro com um pouco de inteligencia. E no entanto muitos cavaleiros, apesar de inteligentes, cultos e ricos, optaram por deixar as suas terras e o seu bem estar para percorrer aquelas outras povoadas de "infiéis" e de perigos. Porquê? O que é que poderia superar todos os bens e confortos, para tomarem tal decisão?

Imediatamente a seguir á sua fundação oficial, em 1129, um elevado número de cavaleiros, da mais fina flor da nobreza europeia, postula entrar na Ordem dos Cavaleiros do Templo, que contava então com apenas nove cavaleiros. Espantosas doações em terras, ouro e jóias afluem de toda a parte, sem nada oferecido em troca. Hugues de Payns, o fundador e Mestre da ordem é recebido pelo rei da Escócia, pelo rei de Inglaterra, pelo rei de França, numa altura em que ainda conta com apenas nove companheiros. Acabou de superar uma estadia de nove anos nas cavalariças do Templo de Salomão, em Jerusalém. Que terá ele descoberto que valha o súbito interesse dos monarcas e do Papa?


Por esta época, na Ocitania, sul de França e parte da Catalunha, a religião dos Cátaros que professa o seu próprio evangelho (S. João) conhece um desenvolvimento que não deixa de inquietar as autoridades eclesiásticas.
Por volta de 1230, Montségur, um castelo a 1200 metros de altitude é a capital dos Cátaros. Ao analisar as similitudes linguísticas entre a "Romança do Saint Graal", 1200-1210, escrito por Wolfram Von Eschenbach, intitulado "Parsifal",  o castelo do Graal  nomeia-se "Monsalvat", nome de significado similar a  "Montségur", ou seja montanha segura. O nome de Raymond Pereille, senhor histórico de Montségur soa estranhamente como o do herói da epopeia do Cavaleiro Parsifal. Noutras obras do século XIII sobre o Saint Graal, reencontramos o nome de Raymond Pereille transformado em Perilla. Conclui-se que Montségur e Monsalvat são um e mesmo castelo; o fabuloso castelo do Graal. Na versão de Eschenbach, o Graal, em última instancia é guardado pelos Templários. Podem-se aproximar do Graal apenas os eleitos partilhando...uma linhagem comum .

Uma das importantes feitorias templárias encontra-se precisamente na Ocitania, em pleno território Cátaro; não é portanto de estranhar que numerosos nobres cavaleiros Cátaros integrem a Ordem, numa interligação permanentemente suspeita para o clero. Em 1209 a Igreja de Roma decreta uma cruzada que finda quando a  inquisição acende a última fogueira a um Cátaro, em 1322. Os Papas e os reis de França em conjunto levaram mais de um século de carnificina para conseguirem os seus intentos. Mas terão mesmo conseguido? No que toca ao tesouro Cátaro, sabia-se que estava em Montségur. Em 1244, durante o cerco ao castelo pelo menos quatro Cátaros conseguiram escapar ás tropas do rei e do Papa, transportando pesadas caixas com eles. Obviamente, a feitoria dos Templários ficando perto, em Rennes-le-Chateau,  imagina-se porque tal tesouro nunca foi encontrado.

Quando as forças do rei e do Papa, entre seis e dez mil homens,começaram a sitiar Montségur, o castelo podia contar no máximo com quinhentos soldados. A queda acabou por ocorrer dez meses depois, em Março 1244. As tropas Católicas ofereceram condições e termos de rendição generosas: Todo o Cátaro que renegasse a sua fé herética seria perdoado, após depor junto ás autoridades da inquisição. Na manhã do 16 de Março de 1244, entre 225 e 240 Cátaros, homens e mulheres, desceram do castelo e tomaram posição junto á fogueira preparada no sopé da colina para a sua execução, entoando cantos para que Deus perdoe ao seus assassinos.

Na manhã do 13 de Outubro de 1307, na maior operação policial da história, os Templários de todas as feitorias em França foram presos. Encontraram no Templo de Paris um molde de cabeça de mulher, que segundo alguns testemunhos, estaria sempre presente, à direita do Grão Mestre, nas reuniões restritas da direcção do Templo. A estranha ligação entre os templários e os Cátaros, estes descendentes de Jesus, e os outros guardiões do Graal, percebe-se que o Graal não pode ser outra coisa senão a linhagem do próprio Jesus, transportada por  Maria Madalena, da qual os Cátaros foram depositários, e os Templários, seus guardiões.

* Templário. O punho da espada lhe serve de cruz.
** Castelo de Montségur.
*** Vitral da Igreja Católica de Kilmore, Dervaig, na Escócia. Jesus com Maria Madalena, grávida.




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