domingo, 29 de abril de 2012

Implantação obrigatória de Chip nos humanos

Não, não é sonho; é pesadelo! A partir de 23 de Março 2013 começará a implantação de microchips nos Norte Americanos. Sem microchip debaixo da pele não poderão aceder aos  serviços de saúde. O chip permitirá monitorizar em tempo real cada cidadão; agora a saúde, depois o sistema bancário, abrangendo rapidamente todas as áreas da vivência humana; um deste dias o cidadão comum não poderá arranjar trabalho, nem comprar uma alface, sem chip implantado.

Estas coisas acontecem porque há uma classe de gente que pretende dominar tudo e todos. Os banqueiros e seus lacaios políticos! Comecemos por analisar a forma como a administração conseguiu fazer aprovar uma lei com a cumplicidade do Senado, sem levantar o coro de protestos que seria de esperar.

Em 2004 a Food and Drug Administration aprova os dispositivos de classe II.  Este dispositivo é um sistema implantável, receptor-transmissor por rádio frequência. Um Chip implantável sob a pele humana. (ver: http://www.fda.gov/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/GuidanceDocuments/ucm072141.htm ) Em principio nada de mal, na medida em que um mecanismo deste tipo poderia servir para cuidar pessoas com alzheimer, trissomia, e por aí adiante..Por demais, apenas o organismo responsável pela segurança da pessoa "chipada" acessaria à respectiva informação, sem a conservar, e assim ficaria salvaguardada a privacidade individual. Na verdade, como vamos ver, a aprovação da FDA, serve um programa mais vasto.

Vinte e um de Março, 2010, (um domingo), foi apresentado o Orçamento de Cuidados e Saúde dos EUA, e dois dias depois é aprovado e transformado em força de lei pelo Senato, sob a denominação de HR 3200.
Na parte final de um documento com mais de mil pàginas, na secção intitulada C Sec 2521, aparece a criação de um Registro Nacional de Dispositivos Médicos, com o seguinte lavrado: "O secretariado estabelecerá um Registro Nacional de Dispositivos Médicos afim de facilitar a análise da informação dos resultados de cada dispositivo que é ou tenha sido usado em, ou num paciente; sendo dispositivo de classe III;  (implantes mamários, por exemplo) ou de classe II que é implantável, de apoio de vida, ou sustentação de vida"  Com esta redacção, que mais parece ter sido escrita por um habitante de Marte, até parece uma lei bastante anodina, para quem não consultar o texto de lei HR 3200, no qual está tudo regulamentado, mas espalhado de modo a iludir a compreensão.

Assim temos de ir à secção 163 do HR 3200, página cinquenta e oito, linhas de cinco a quinze, para esclarecer um pouco do que está em causa; cito: "Os dispositivos RFID (radio frequency identification device) permitem, em tempo real, a determinação da responsabilidade de um individuo, no ponto de serviço, com um médico especifico, numa instalação especifica, que pode incluir o uso de um plano de saúde legível pela máquina, permitindo a adjudicação em tempo real."
Em linguagem de gente, significa que se o paciente se desloca ao hospital, é-lhe descontado da conta bancária em tempo real, a consulta que vai ter. Ou seja, caso tenha um plano de saúde, sem o chip não é atendido. Fácil de ver como irão tornando o implante obrigatório.

Não menos inquietante, na página 1007 do HR 3200, são os padrões de implementação na secção "CRITÉRIOS DE IMPLEMENTAÇÃO". Cito: "Ao Secretário de Saúde e Serviços Humanos, são dados plenos poderes e mandatos para a criação do Processo de Registro, bem como ditar a forma como concebe a listagem do Registro Nacional de dispositivos médicos a serem usados e implementados."
Ora o Secretário de Saúde e Serviços humanos, a quem a FDA, também reporta, é um politico membro do gabinete do Presidente. No fundo todas as informações possiveis e imagináveis, sobre todos os cidadãos norte americanos ficarão disponíveis para qualquer agência governamental, sem o consentimento de quem quer que seja.

O Big Brother chegou ao EUA, mais tarde ou mais cedo espalhará por todo o lado, a bem da "globalização"!









sábado, 28 de abril de 2012

O mistério das pedras esféricas

A questão que se coloca é como povos tão distantes, e de culturas tão diferentes tiveram a mesma ideia: fabricar esferas de pedra. Apareceram por toda a parte, desde Porto Rico, Nova Zelândia Bósnia, China, México, Brasil, Argentina, Republica Checa, Ilha de Pascoa,Venezuela, Espanha, Marrocos...

Os autores das esferas permanecem desconhecidos, e nos países onde foram encontradas, os povos não as reclamam como legado cultural dos seus antepassados. Em alguns casos, lendas locais reportam a Deuses vindos do céu, montados em dragões de ferro, como criadores das esferas. Claro que lendas há muitas, mas para além de lendas vejamos quais são as explicações que nos restam.

Em verdade parece que os diversos países, e a comunidade cientifica em geral,  não se tem esforçado muito para fornecer uma explicação razoável. Eis aqui algumas das fábulas que os cientistas de serviço pretenderam nos fazer engolir: as bolas de pedra encontradas em Marrocos, todas elas bastante pequenas, serviriam par artilharia de canhão. Pequeno inconveniente: estando soterradas em Cartago, fundação romana, ainda não se conhecia a pólvora. Nem valeu alegar que poderiam ter servido de objectos de outro tipo de arremesso guerreiro, pois não se percebe porque haveriam de ter sido polidas.

E assim à medida que estamos numa ou noutra região vão-se dando tantas como disparatadas explicações cientificas para explicar a existência daquelas pedras esféricas; na Nova Zelândia, o discurso oficial é que são maravilhas da ....natureza. As do México, são de origem vulcânicas...embora não exista nenhum vulcão por perto, nem remotamente extinto. As de  Bósnia estão em estudo, as de Espanha vulcânicas, as da china não se sabe, as de Venezuela, oficialmente nem existem, e as de Porto Rico, lá se aventuram a afirmar que são artificiais. Bem a verdade é que ninguém sabe.



De dez centímetros a três metros de diâmetro, de algumas centenas de gramas a vinte toneladas de peso, há para todos os gostos. Ora formadas por granito, ora por arenito, ora por rocha plutónica, ou ainda composta por coquina, uma rocha calcária, parece não haver padrão comum, a não ser a forma geométrica,  a origem desconhecida, o método de fabricação ignorada e o  incógnito propósito a que se destinavam.

Há daqueles mistérios antigos que se adensam à medida que o tempo decorre; na Nova Zelândia descobrem-se em 1848, na Bósnia em 1938, na China em 2007, na Venezuela em 2008...e continuam a aparecer as misteriosas esferas um pouco por toda a parte, sem que nada as possa relacionar entre elas.  A datação com carbono 14 apenas serve para aferir a datação de elementos orgânicos, consequentemente não é aplicável nestes casos.


Portanto a idade, o significado, o uso, o contexto cultural, o método de fabrico e os autores "do crime", em suma tudo, permanece absolutamente especulativo. Uma coisa é certa: nada sabemos!

quinta-feira, 26 de abril de 2012

As Pirâmides da Europa

Uma pirâmide com 213 e outra com 190 metros de altura, ambas mais altas e mais antigas que as do Egipto, inseridas num conjunto de cinco pirâmides descobertas....na Europa. Incrédulos com o fabulosa descoberta, a comunidade "oficial", a Associação Europeia de Arqueólogos, decide vetar o assunto ao ostracismo, denunciando como fraude um achado que não proveio do seu seio, até  porque seria necessário reescrever os conceitos da história, colocando em causa todo um edifício laboriosamente construído.

Na Bósnia, a uma vintena de Quilómetros de Sarajevo, erguem-se uns estranhos cúmulos com uma forma simétrica piramidal. Foi a partir deste constato que Semir Osmanagic formulou a teoria que seriam de origem humana. Osmanagic cria a Fundação do Parque Arqueológico da Pirâmide Bosnia, constituida por uma equipe de arqueólogos, historiadores, antropólogos e egiptólogos vindos da Austrália, Áustria, Escócia, Eslovénia e Estados Unidos, iniciando as escavações em 2006, sem data limite marcada.

As buscas começaram pela mais alta, nomeada "Pirâmide do Sol", devido à semelhança com a Pirâmide do Sol mexicana. Depois os trabalhos alargaram-se ás duas colinas vizinhas, nomeadas "Pirâmide da Lua" e Pirâmide do Dragão", avistadas pelo satélite de alta resolução NASA Landsat-7 e por fotografias aéreas, relatando também a existência de mais duas, a que deram o nome de "Pirâmide da Terra", e "Pirâmide do Amor".

Descobriram um labirinto de túneis e câmaras, obviamente feitas por mão humana. Por todo o lado esferas em pedra, perfeitíssimas, umas desenterradas, outras ainda por desenterrar. Curiosamente também há pedras muito parecidas em Porto Rico, México, Nova Zelandia, e Guatemala. Oficialmente estas pedras não existem, por muitas fotografias que se tirem e inúmeros testemunhos que se apresente.
As pirâmides acumularam tanta terra que há toda uma vegetação por retirar tal como aconteceu em várias pirâmides na América do Sul. À medida que este trabalho é efectuado vão-se descobrido pavimentos de uma regularidade tal, que dificilmente se poderá imaginar como trabalho da natureza.

A simples hipótese da existência de pirâmides na Europa nem se coloca ao arqueólogo vivendo com as certezas de um universo de escolástica formal. Todavia muitas grandes descobertas aconteceram precisamente porque algumas pessoas não se contentam com o que lhes ensinam, e abrem a mente para trilhar caminhos até então desconhecidos. Contactado um arqueólogo com vinte anos de experiência, não deixou de me surpreender que ele nunca tenha ouvido falar das Pirâmides da Bósnia.

Parece que face ao desconhecido a Associação Europeia de Arqueólogos prefere criticar quem continua com os trabalhos de investigação sob pretexto que é um gasto de recursos inútil, e porque não reconhece autoridade aos investigadores que trabalham nas escavações. Estes argumentos não servem para negar a existência das pirâmides, apresentam-se meramente para denegrirem o achado, não hesitando porém em dizer que é um sitio de valor arqueológico da Idade Média, e que a equipe da fundação poderá estragar o que aí se encontra; Cheira a má fé à distancia. Tão pouco apresentaram alguma explicação relativamente ao labirinto, ás lages de pedra artificial, nem ás esferas de pedra.

Para cada um julgar por si próprio, aqui fica o site oficial desta fantástica descoberta: http://piramidesdebosnia.com


sábado, 21 de abril de 2012

Graal, Templários e Cátaros

Viver em pobreza e castidade, num lugar hostil e perigoso, empoeirado e semidesértico, deixando para trás riquezas, belas mulheres, ambientes aprazíveis e lugares na corte, parece a escolha menos óbvia para qualquer cavaleiro com um pouco de inteligencia. E no entanto muitos cavaleiros, apesar de inteligentes, cultos e ricos, optaram por deixar as suas terras e o seu bem estar para percorrer aquelas outras povoadas de "infiéis" e de perigos. Porquê? O que é que poderia superar todos os bens e confortos, para tomarem tal decisão?

Imediatamente a seguir á sua fundação oficial, em 1129, um elevado número de cavaleiros, da mais fina flor da nobreza europeia, postula entrar na Ordem dos Cavaleiros do Templo, que contava então com apenas nove cavaleiros. Espantosas doações em terras, ouro e jóias afluem de toda a parte, sem nada oferecido em troca. Hugues de Payns, o fundador e Mestre da ordem é recebido pelo rei da Escócia, pelo rei de Inglaterra, pelo rei de França, numa altura em que ainda conta com apenas nove companheiros. Acabou de superar uma estadia de nove anos nas cavalariças do Templo de Salomão, em Jerusalém. Que terá ele descoberto que valha o súbito interesse dos monarcas e do Papa?


Por esta época, na Ocitania, sul de França e parte da Catalunha, a religião dos Cátaros que professa o seu próprio evangelho (S. João) conhece um desenvolvimento que não deixa de inquietar as autoridades eclesiásticas.
Por volta de 1230, Montségur, um castelo a 1200 metros de altitude é a capital dos Cátaros. Ao analisar as similitudes linguísticas entre a "Romança do Saint Graal", 1200-1210, escrito por Wolfram Von Eschenbach, intitulado "Parsifal",  o castelo do Graal  nomeia-se "Monsalvat", nome de significado similar a  "Montségur", ou seja montanha segura. O nome de Raymond Pereille, senhor histórico de Montségur soa estranhamente como o do herói da epopeia do Cavaleiro Parsifal. Noutras obras do século XIII sobre o Saint Graal, reencontramos o nome de Raymond Pereille transformado em Perilla. Conclui-se que Montségur e Monsalvat são um e mesmo castelo; o fabuloso castelo do Graal. Na versão de Eschenbach, o Graal, em última instancia é guardado pelos Templários. Podem-se aproximar do Graal apenas os eleitos partilhando...uma linhagem comum .

Uma das importantes feitorias templárias encontra-se precisamente na Ocitania, em pleno território Cátaro; não é portanto de estranhar que numerosos nobres cavaleiros Cátaros integrem a Ordem, numa interligação permanentemente suspeita para o clero. Em 1209 a Igreja de Roma decreta uma cruzada que finda quando a  inquisição acende a última fogueira a um Cátaro, em 1322. Os Papas e os reis de França em conjunto levaram mais de um século de carnificina para conseguirem os seus intentos. Mas terão mesmo conseguido? No que toca ao tesouro Cátaro, sabia-se que estava em Montségur. Em 1244, durante o cerco ao castelo pelo menos quatro Cátaros conseguiram escapar ás tropas do rei e do Papa, transportando pesadas caixas com eles. Obviamente, a feitoria dos Templários ficando perto, em Rennes-le-Chateau,  imagina-se porque tal tesouro nunca foi encontrado.

Quando as forças do rei e do Papa, entre seis e dez mil homens,começaram a sitiar Montségur, o castelo podia contar no máximo com quinhentos soldados. A queda acabou por ocorrer dez meses depois, em Março 1244. As tropas Católicas ofereceram condições e termos de rendição generosas: Todo o Cátaro que renegasse a sua fé herética seria perdoado, após depor junto ás autoridades da inquisição. Na manhã do 16 de Março de 1244, entre 225 e 240 Cátaros, homens e mulheres, desceram do castelo e tomaram posição junto á fogueira preparada no sopé da colina para a sua execução, entoando cantos para que Deus perdoe ao seus assassinos.

Na manhã do 13 de Outubro de 1307, na maior operação policial da história, os Templários de todas as feitorias em França foram presos. Encontraram no Templo de Paris um molde de cabeça de mulher, que segundo alguns testemunhos, estaria sempre presente, à direita do Grão Mestre, nas reuniões restritas da direcção do Templo. A estranha ligação entre os templários e os Cátaros, estes descendentes de Jesus, e os outros guardiões do Graal, percebe-se que o Graal não pode ser outra coisa senão a linhagem do próprio Jesus, transportada por  Maria Madalena, da qual os Cátaros foram depositários, e os Templários, seus guardiões.

* Templário. O punho da espada lhe serve de cruz.
** Castelo de Montségur.
*** Vitral da Igreja Católica de Kilmore, Dervaig, na Escócia. Jesus com Maria Madalena, grávida.




quarta-feira, 18 de abril de 2012

O Mandato dos Cavaleiros do Templo

Setecentos anos depois da execução do Mestre da Ordem dos Cavaleiros do Templo, permanecem todavia questões essenciais sem resposta clara, e mistérios por desvendar; talvez por isso mesmo continuam a nos fascinar. Porquanto se possa investigar, há perguntas ás quais podemos tentar responder, ainda que apenas parcialmente: Como surgiram os Templários, como e por quem foram mandatados, qual a sua missão, e que segredos encontraram enquanto escavaram no Templo de Salomão?

O Estevão Harding nunca confundira fé com cegueira. Abade da Ordem Cisteriana, da qual fora co-fundador em 1098, podia finalmente dedicar-se ao esclarecimento das dúvidas que mantinha quanto à exactidão da tradução das escrituras.

Fora necessário traduzir do original hebraico diretamente para latim. Por felicidade o mais célebre dos sábios judeus, Rashi, vivia relativamente perto da abadia, na vila de Troyes. A sabedoria e esclarecimento do velho Rabi Rashi trouxeram-lhe perspectivas novas, colocando em causa algumas passagens do antigo testamento, mas também princípios fundamentais da fundação da própria Igreja. Outro foco de sabedoria Rabínica encontrava-se em Metz, a mais de duzentos quilómetros, mas era necessário confirmar as traduções de Rashi. A partir do que aprendera com os Rabis, Estevão Harding revisitou e corrigiu a Bíblia latina de Gerónimo; dez anos de trabalho, numa abadia pobre, com poucos com quem partilhar abertamente o que aprendera; para além do trabalho traduzido, muito mais haveria por transmitir.

Em 1112, entra no monastério aquele que viria a ser o seu aluno preferido: Bernard de Clervaux. O Mestre conta então com cinquenta e dois anos, e o jovem de vinte e dois é um aluno brilhante. O Bernard ficará junto a Harding por três anos, para depois ir fundar a sua própria abadia, em Claire Vallée. A extraordinária personalidade de Bernard, o seu singular magnetismo, rapidamente atrai muita gente, entre os quais Hugues de Payns a quem o Abade mandata numa missão que irá determinar a face da sociedade medieval durante séculos.

De Payns acompanhado por oito companheiros apresenta-se ao rei Balduim II de Jerusalém em 1118, com o desejo de proteger os peregrinos dos infiéis, na sua caminhada à Terra Santa. Podemos nos interrogar como apenas nove cavaleiros, ainda que aguerridos, pudessem proteger os peregrinos num mundo infestado de bandos organizados e hostis; certo é que Balduino II cede-lhes as cavalariças do Templo de Salomão. Estas cavalariças podiam acolher cerca de mil cavalos, o que parece um espaço excessivo para apenas nove homens. Durante nove anos, permanecem ali, sem aceitarem mais ninguém no seu seio. Qual a verdadeira natureza da missão destes nove cavaleiros? Talvez a resposta tenha sido encontrada em 1990, quando um grupo de arqueólogos Israelitas descobrem, nas cavalariças do Templo, sinais de antigas escavações, que segundo eles, poderiam ter sido realizadas pelos...Templários.

Hugo de Payns mantém a correspondência em dia com o mentor da missão, Bernard de Clervaux. Depois de nove anos de presença nas cavalariças do Templo, regressam a França com os seus companheiros. Imediatamente são recebidos pelo abade; aparentemente trazem informações importantes, pois prontamente Bernard de Clervaux toma contacto com vários Rabis da região. O Bernard de Clervaux tornara-se entretanto um personagem incontornável no seio da Igreja, sendo pai espiritual do Papa em exercício. Um ano depois da chegada dos cavaleiros convoca o Concilio de Troyes, escreve do seu próprio cunho as regras da ordem e funda oficialmente a Ordem dos Cavaleiros do Templo.

O Hugo de Payens, primeiro mestre da ordem, era casado com Catherine de Saint Clair, oriunda de uma família de origem Normanda, que tinha participado na primeira cruzada em 1096, e cujo patriarca seguira Guilherme o Conquistador, em 1060, para a Inglaterra, instalando-se na Escócia. De Payens viajou precisamente para os domínios de Saint Clair, onde mais tarde se construíra a capela Rosslyn, e cria aí a primeira ramificação da Ordem fora de França. Os de Saint Clair, mudaram o nome para Sinclair, inspiraram o "Saint", Simon Templar, e são ainda hoje uma nobre e prestigiosa família com assento na Câmara dos Lordes em Londres. Entre várias teses em presença, alguns pretendem que Saint Clair deriva de "Sang Clair", estando de alguma forma ligados ao "Sang Royal", ou seja o famigerado St. Graal.

Monges e guerreiros, os Templários acederam sem duvida alguma a segredos esotéricos quando se instalaram nas cavalariças do Templo de Salomão; mistérios que ainda hoje permanecem por desvendar, e cuja guarda foi confiada a Bernard de Clervaux, (mais tarde santificado, São Bernardo) e que o Vaticano ainda guarda ciosamente. Analisaremos num próximo post como São Bernardo e o Vaticano pretendendo ajuda dos Templários para eliminar os Cátaros, e, pela primeira vez, os Cavaleiros do Templo não obedeceram.



sexta-feira, 13 de abril de 2012

Os Cátaros de Agustín

Quando me encontrei com o Agustín de Rojas*,  algo não estava bem; diziam que estava louco. Perdera o lugar de professor na universidade, sem que realmente se soubesse o que aconteceu. Dizia-se ainda que não sabia mentir, nem ser mau com pessoas ou animais, comia apenas vegetais, em suma louco, apesar de se lhe reconhecer o imenso talento de escritor de ficção cientifica. O Agustín dedicava-se a acompanhar e proteger os mais jovens dos escritores ou poetas, com o mero intuito de ajudar e encorajar. Morreu em 11 de Setembro 2011, vitima de doença não especificada. Não morreu de doença, morreu de tristeza!, alega Jinny Zamora**, antiga protegida dele. Afirmava-se descendente dos Cátaros. Este modesto post é-lhe dedicado.
O apostolo Pedro nunca aceitara de bom grado as constantes atenções de Jesus com a Maria Magdalena, em particular tê-la escolhido para revelações místicas à margem dos apóstolos. O Messias, fora sacrificado na cruz, e para Pedro, nenhuma mulher deverá assumir um papel fundamental na Igreja que se pretende fundar; seria perturbador, e contra todas as tradições judaicas. Pedro e Maria Madalena representam dois universos diametralmente opostos. Maria Madalena transporta no seu ventre a semente de Jesus, é sua responsabilidade, mas sem a ajuda dos apóstolos que se colocaram ao lado de Pedro, encorre em graves riscos se não decidir deixar Jerusalém o mais rapidamente possível.

Acompanhada de alguns familiares e amigos, desembarca no sul da França, onde sem inimigos de nenhum género irá ter o seu filho e viver finalmente em paz. Os descendentes de Jesus, diziam-se simplesmente cristãos, chamavam-se a si próprios bons homens e boas mulheres. A pequena comunidade cresceu em numero e em prosperidade durante séculos sem que a Igreja oficial os incomode. Até mesmo os trovadores, ousados e verdadeiros críticos da nobreza e da sociedade, transportavam alguns dos valores atribuídos a esta comunidade, nomeadamente a cortesia, os bons modos, a apologia da mulher como ser amável e espirituoso.
  
Estamos no século X; o Império Carolíngio acabou de se dissolver, os Bispos são nomeados pelos Condes, e Roma detém pouco poder. Na Ocitania, sul de França, vinte por cento da população segue regras e ensinamentos em total contradição com a Santa  Igreja Apostólica Romana. Pior, não lhe reconhecem autoridade evangélica. Diz-se Cristã, esta população enquanto os seus detractores os nomeiam "Cátaros". Eles próprios nunca se chamam assim pois o termo "Cátaro" significa perfeito. Esta gente não come carne nem qualquer alimento de origem animal, não mentem, nem enganam nunca ninguém; a sua diferença não deixa de inquietar os demais.Todavia um misterioso monge teima em conhecê-los melhor, visita-os com bastante regularidade, debatendo com o Bispo "Cátaro", os mais diversos assuntos científicos e teológicos, estabelecendo-se entre os dois homens uma mutua e profunda estima.

Ao longo das sempre curtas convivências vão se revelando algumas facetas extraordinárias do monge Gerbert d'Aurillac. Admirador da ciência e cultura  árabe, desloca-se á Catalunha onde numerosas obras estão sendo traduzidas do grego e do árabe para latim, permanece três anos no monastério de Vich, onde aproveita para se familiarizar com Aristodes, estudar matemática e astronomia, geometria e musica. Pretende substituir a numeração romana por um novo modelo baseado em numeração decimal, desenha letras árabes para representar cada valor numérico. Até a quantidade nula é agora representada por um símbolo que ele chama "zero".

De regresso á Ocitania  empreende de aprofundar os seus conhecimentos sobre a filosofia e a forma de religião dos Cátaros. Estes advogam a não violência, esforçam-se para manter uma vida exemplar, são vegetarianos. Defendem um dualismo de dois princípios divinos, o Deus da bondade, da luz e dos espíritos, e o outro, Deus do mal, da escuridão, e do mundo material. Para eles o Deus bom é omnipotente na bondade, suas obras são perfeitas, e tudo o que ele não criou não é nada (nihil). Existe desde a eternidade e nunca terá fim. Os anjos, também chamados espíritos, são de natureza divina. No "nihil" encontra-se o principio do maligno, o Deus do mal. Este conseguiu desviar uma parte dos anjos, ora pela força ora pela tentação, introduzido-os em corpos carnais fabricados por Lúcifer, porque o Deus maligno não tem existência se não se misturar à criação Divina. Esta criação carnal, com origem num criador imperfeito, terá um principio e um fim que acontecerá quando a parcela divina do ser humano, o anjo, se extrai do corpo carnal para regressar a Deus. Os animais também são susceptíveis de terem recebido uma alma, pois esta pode ser transmitida por transmigração. Apenas pelo Espírito Santo a alma escapará do mundo físico, com o baptismo por imposição das mãos, e não pelo baptismo da água como na Igreja Romana.

Dez anos passaram desde a última visita do monge, quando uma embaixada  composta por cinco homens se apresenta em nome do Imperador Otão III. Entre eles encontra-se o monge Gerbert d'Aurillac. São recebidos com a cordialidade própria de quem oferece tudo o que tem, na presença do Bispo Cátaro de Montségur.
- Amanhã parto para Roma, informa o Monge, fixando o olhar no seu interlocutor.
- Acabaste de chegar Gerbert. Como vês eles estão bem, amanhã vai se realizar uma cerimonia de
   Consolament, o baptismo de uma pessoa. Gostaria de contar com a tua presença, responde o Bispo com  
   doçura.
- O Consolament, o baptismo pelo fogo e imposição das mãos, murmura o monge quase para ele próprio.
  Os descendentes de Jesus e de Maria Magdalena não receiam enfurecer os detractores, cada vez mais 
   numerosos, segundo ouvi dizer...
- O nosso segredo continua bem guardado meu amigo.  Somos os descendentes de Jesus, mas sem baptismo 
   o Cristo não desce até nós, interrompe o Bispo. O rito do baptismo permite o Cristo nos adumbrar, tal 
   como fez com o seu discípulo Jesus nos últimos três anos da sua vida.
- Bem sei como consideram o Cristo: um espirito puro, não incarnado, enquanto Jesus ser humano,
   adumbrado pelo Cristo, se transformou em Jesus-Cristo.
- E sobretudo permitirá a quem recebeu a graça que o seu espirito se junte ao Pai quando deixar este
  mundo. Permite-me um pedido: que rezes novamente aqui, connosco o Pai Nosso. Amanhã, partes para  
  Roma, mas antes disso, serás confirmado no adumbramento, renovando o baptismo como filho de Jesus.
- Não te disse ainda o que vou fazer a Roma....
- Não importa o que vais fazer Irmão. Farás tudo por bem!

Esta pequena história relata como Gerberd d'Aurillac, sob o nome de Silvestre II,  primeiro Papa do ano mil, se tornara protector e grande conciliador de diversas correntes Cristãs daquela época. O seu pontificado iniciado em 997, acabou em 1003. A posteridade reteve-o como grande intelectual e cientista, deixando na sombra o grande humanista que foi. Infelizmente o Papas seguintes .....
Num próximo post, falaremos como, por causa de outros Papas, 240 Cátaros marcharam para uma fogueira cantando hinos, e perdoando aos seus assassinos.

* Agustín de Rojas, Escritor cubano.
** Jinny Zamora, poetiza cubana. 
    








domingo, 8 de abril de 2012

Não estás deprimido, estás distraído.



Facundo Cabral , poeta, cantor/ trovador, argentino. (1937/2011).

"Não sou de aqui, nem sou de lá"...cantava ele. E era verdade, porque ficou sendo de lado nenhum, e no entanto de todos os lados, até se estabelecer nos nossos corações como morada definitiva.  A seguir ao texto fica um vídeo em que ele nos conta de onde era. O Facundo sofreu, como ninguém, uma infância miserável, de fome e infortúnio. Preso por razões diversas, acabou finalmente deportado do seu país, onde regressou anos mais tarde.
Que a força interior que reencontramos nos seus versos sirva de inspiração a cada um de nós.



Ficam aqui alguns fragmentos de "Não estás deprimido, estás distraído"

"Não estás deprimido, estás distraído; distraído da vida que te habita, tens coração, cérebro, alma e espírito. Então como podes sentir-te pobre e infeliz?
Distraído da vida que te rodeia: golfinhos, bosques mares, montanhas, rios...

Não caias no que caiu o teu irmão que sofre por um ser humano quando no mundo há cinco mil seiscentos milhões. Além disso, não é tão mau viver só. Eu passo bem, decidindo a cada instante o que fazer, e graças à solidão me conheço, o que é algo fundamental para viver.
Não caias no que caiu o teu pai, que se sente velho porque tem setenta anos, e esquece que Moisés conduziu o êxodo aos oitenta, e Rubinstein interpretava Chopin como ninguém, aos noventa. Só para citar dois casos conhecidos.

Não estás deprimido, estás distraído.

Por isso crês que perdeste algo, o que é impossível porque tudo te foi dado. Não fizeste um só cabelo da tua cabeça, portanto não podes ser dono de nada. Além disso, a vida não te tira coisas, a vida te liberta de coisas, te alivia para que voes alto, para que alcances a plenitude. Do berço ao túmulo , vivemos numa escola, por isso o que chamas problemas são lições. Não perdeste ninguém, quem morreu simplesmente se adiantou, para lá, todos vamos. Além disso, o melhor, segue no teu coração, é o amor.

Quem poderia dizer que Jesus está morto? Não existe a morte: existem mudanças. E do outro lado te esperam pessoas maravilhosas: Gandhi, Michelangelo, Whitman, Stº Agostinho, Madre Teresa, teu avó e minha mãe, que acreditavam que a pobreza está mais próxima do amor, porque o dinheiro nos distrai com demasiadas coisas, e nos afasta porque nos torna desconfiados.

Faz apenas o que amas e serás feliz. Quem faz o que ama está benditamente condenado ao exito que chegará quando deva chegar, porque o que deve ser, será, e chegará com naturalidade. Não faças nada por obrigação nem por compromisso, apenas por amor. Então haverá plenitude. E nessa plenitude tudo é possível e sem esforço, porque te move a força natural da vida, a mesma que me levantou quando caiu o avião que levava a minha mulher e a minha filha; a que me manteve vivo quando os médicos me diagnosticaram três ou quatro meses de vida.

Deus encarregou-te de um ser humano, e és tu próprio. A ti te deves de ser livre e feliz. Depois, poderás partilhar a vida com os demais. Reconcilia-te contigo, coloca-te frente ao espelho, e decide agora mesmo ser feliz, porque a felicidade é uma aquisição.
Aliás, a felicidade não é um direito, senão um dever, porque se não fores feliz estarás levando amargura a todos os que te amam.

.../...

Não, não estás deprimido, estás distraído!


Partilhemos uma canção do facundo; ela traduz o seu pensamento:

"No soy de aqui, ni soy de allá".....De um trovador de todo o mundo, de todos nós.



sexta-feira, 6 de abril de 2012

Opus Dei vs Octopus Dei

O respeito pela diversidade religiosa não me impede de questionar ou duvidar, nem me inibe o receio dos epítetos de quem confunda liberdade de expressão com blasfêmia.


A Opus Dei foi fundada por Monsenhor JoséMaria Escrivá Balaguer, que em 1928 teve "uma visão".  Empenhado em concretizar a sua "visão", é nos meios estudantis e intelectuais que promove a sua acção e começa a captar membros para a organização. Aconselha os seguidores a não divulgarem a respectiva afiliação "pois isso atrai os inimigos". Funda escolas e universidades, incutindo nos estudantes a máxima fidelidade à "causa", e aos poucos consegue que seus elementos actuem na sombra, desde altos dignitários políticos, controle de organizações financeiras, etc, influenciando secretamente toda a sociedade. Conta actualmente com mais de 90 000 membros espalhados pelos cinco continentes. O modus operandi perpetuou-se depois da sua morte, em 26 de Julho 1975.
José Maria Escrivá de Balaguer foi canonizado em 2002, no processo mais rápido de sempre.

A história passa-se em 1982. Nesse ano arcebispo Paul Marcinkus protagonizou o maior escândalo financeiro da história do Vaticano, quando foi descoberto um rombo de cerca de 1.5 billiões de US $ no banco Ambrosiano, do qual o Vaticano era o maior accionista, através do Instituto das Obras Religiosas, o chamado "Banco do Vaticano". A Santa Sé desembolsou então mais de cem milhões de dólares para ressarcir os clientes do Ambrosiano, confessando implicitamente a sua responsabilidade na falência. Em Julho 1982 o estado italiano declara o Ambrosiano falido. Nesta sequência ocorre uma súbita transferência de 1 bilião de dólares para o Instituto das Obras Religiosas e em  Agosto o Banco Ambrosiano é substituído pelo "Nuovo Banco Ambrosiano". Donde veio o salvador Bilião de dólares? Da Opus Dei! Em troca de quê? Da constituição da Opus Dei em Prelazia Pessoal que ocorreu em 28 de Novembro, através da Constituição Apostólica Ut Sit; algo absolutamente único no seio da Igreja.


A Santidade passa por caminhos desconhecidos para o comum dos mortais, mas a Prelatura da Santa Cruz e Opus Dei fornece o ideário ao leigo: percorrendo os 999 versículos que compõem o "caminho" livro da autoria do fundador, encontram-se pérolas no matagal: " Não te esqueças que és... o caixote do lixo...."  ou ainda no mesmo capítulo592: "Humilha-te; não sabes que és o caixote do lixo?"  Edificante! Ora a Igreja Católica nos ensina que o homem foi feito á imagem de Deus, e que é o Seu reflexo. Segundo a Opus Dei, Deus seria então um Grande Caixote de Lixo, ou será o "caminho" quem anda por vias ligeiramente heréticas?
Para o "supranumerário", nome que se dá ao leigo pertencente á "Obra", a questão não se coloca.

Seja para arranjar emprego, para casar ou mesmo para ver um filme ou comprar um livro ao supranumerário é (fortemente) preconizado pedir conselho junto a "cristãos competentes" e rezar ao "el padre" , ou seja a Monsenhor Escrivá Balaguer, fundador de Opus Dei. A Igreja Católica manteve, desde 1557, o famoso Index labrorum prohibitorum, uma lista de livros proíbidos, chegando-se a perseguir editores e livreiros que não o respeitassem até 1966. Embora já não exista esta censura pela Igreja, a Opus Dei mantém e actualiza o respectivo Index. Assim, quem dos seus membros quiser ver um filme ou ler um livro, terá de perguntar primeiro ao seu "conselheiro espiritual".

A vivência dos membros da "Obra" é sui generis bastante para merecer uma breve descrição: para facilitar a via para a "santidade" do leigo, o conselheiro espiritual recebe as suas confidências intimas (inclusive as conjugais), visita-lhe a casa semanalmente, no máximo quinzenalmente, para verificar se está tudo arrumado, limpo, "santificado" como ele diz, e deverá sempre sublinhar defeitos, imperfeições ou pequenos nadas, sem nunca, mas mesmo nunca, o felicitar pelo esforço. Em verdade, o "director espiritual"  averigua o vestimentário do leigo, da esposa e dos filhos, a arrumação da casa, a educação dos filhos....Por sua vez os filhos deverão frequentar os clubes, retiros, escolas e outras instituições ligadas à Opus Dei; como bons soldadinhos, quando atingirem 18 anos poderão aderir oficialmente. A esposa deverá andar ligeiramente maquilhada constantemente com a alegria estampada no rosto, dando sempre a aparência de irradiar felicidade, mesmo que mortificada por dentro. Eu sei que parece exagero, mas estas são algumas das regras.

Cada membro da comunidade, atento às imperfeições do outro, deve informar o responsável do centro que por sua vez nomeia alguém para dar uma reprimenda ao faltoso, conduzindo a um clima de suspeição, delação e desconfiança insuportável. Naturalmente cada um é proibido de criar "amizades de confidências", pois as confidências ficam a cargo do director espiritual nomeado para o efeito. A Opus Dei tem como especialidade o laicado, mas na realidade este leigos são quase religiosos, pessoas submetidas a uma autoridade sacerdotal omnipresente, vivem num universo paralelo, e na absoluta repugnância do mundo real.

O modo de rezar também se encontra regulamentado: reza-se ao "pai", e a Deus em segundo lugar. Contrariamente ao que acontece na Igreja, aqui o pai a que se refere não é Deus, é ao pai fundador da ordem; o culto da personalidade elevado ao paroxismo. Cada membro da organização deverá conhecer melhor a biografia e os ensinamentos de Balaguer que os de Jesus Cristo.
Se  o fundador da Opus Dei era o "pai" até à sua canonização, em 2002, ficou promovido a "nosso pai" depois disso. A mãe do Monsenhor Balaguer é chamada de "avó", e a irmã é "tia". No mínimo, cada lar deve ter sempre uma fotografia do grande homem, e obras suas, nomeadamente o "caminho".

Naturalmente, quem não seguir as regras á risca é porque se encontra sob a influencia de satanás; aliás esta é a ameaça constantemente relembrada ao supranumerário.
Finalmente, a conformação insidiosa dos espíritos acaba aniquilando a espontaneidade, até à anulação de personalidade própria. Eis a "santidade" que a Opus Dei propõe aos seus fieis.

Nada disto importaria muito, não fosse a nefasta influencia desta sociedade secreta no seio da própria Igreja  e na sociedade civil.


terça-feira, 3 de abril de 2012

Abstinência no Vaticano

O celibato e a abstinência, contrariamente ao que muita gente pensa, não se encontram consignados como dogmas da Igreja Romana. Um dogma é um ponto fundamental na doutrina, dado como certo e indiscutível. Não é este o caso: em pleno século vinte, homens casados, anglicanos ou protestantes convertidos, e até algumas mulheres Tchecas foram ordenados. Só em 1978 o Papa João Paulo II congela as dispensas de celibato. Aliás, os padres fazem votos de celibato junto ao bispo, por simples promessa.

Mas então, se o celibato não é dogmático, como compreender a importância do celibato sacerdotal, a ponto do Código do Direito Canónico ratificar excepções?  Porquê a Igreja continua preferindo um clero celibatário, que se pretende pastor no mundo secular, e no entanto se desliga completamente da vivência deste? Qual a justificação? A razão mais amplamente difundida remete para um vago "celibato é testemunho de fé". O argumento não explica nem justifica, poderia até ser usado indiscriminadamente para qualquer assunto.  Inclusive, depois de 1980 são ordenados laicos casados, Católicos, Anglicanos e Episcopais, no Canadá, nos EUA, na Inglaterra,....desde que prometam não ter relações sexuais com as esposas. E estes, serão padres de segunda classe? Sem comentários

Aprofundando um pouco, procurando na tradição dos primórdios da Igreja Romana, verificamos que Pedro, o primeiro de todos os Papas, aquele que foi companheiro de Jesus, quem fundou a própria Igreja não só era casado como tinha uma filha: Stª Petronilha, segundo Jacobus Voragine, arcebispo de Génova. (Séc. XII)

Segue-se uma lista de Papas casados:

- São Félix III............2 fihos
- São Hormisdas........1 filho
- São Silvério.............s/ filhos
- Stº Adriano II..........1 filho
- São Clemente IV.....2 filhas
- Félix V (anti-papa)...1 filho

Ouf, tantos Papas desrespeitando a verdadeira religião? Vejamos agora filhos de eclesiásticos que se tornaram Papas:

- São Damásio......................................Filho de São Lourenço, Padre
- Stº Inocêncio Iº .................................Filho de Stº Anastácio, Papa
- São Bonifácio.....................................Filho de Padre
- São Félix............................................Filho de Padre
- Stº Anastácio......................................Filho de Padre
- Stº Agapeto........................................Filho de Padre
- São Silvério........................................Filho de Stº Hormisdas, Papa
- João XI..............................................Filho de Stº Sérgio III, Papa

As primeiras referências encontradas sobre o celibato do Clero, datam do concilio de Elvira, Espanha,  já em pleno século IV, em que um padre que tinha mantido relações com a esposa na véspera do concilio foi demitido. Mais tarde, no concilio de Niceia, pela primeira vez, se decreta que um padre não poderá casar depois de ordenado. Nessa altura as mulheres podiam ser ordenadas até ao Concilio de Laodiceia, (352)  onde se decide a sua proibição. Mas os padres continuam casando, como atesta o Concilio de Tours  de 567, em que:  "...todo o eclesiasta encontrado na cama com a sua mulher, é passível de um ano de excomunhão, e redução ao estado laico."

Já no ano1045, ocorre a auto-dispensa do Papa  Bento IX , que demissiona para se casar. Meio século depois sob a batuta de Urbano II, assiste-se á venda de esposas de padres para escravatura, e os filhos abandonados. Edificador! Finalmente, no Concilio da Latrão em 1123, Calisto II declara ilícitos os casamentos dos padres.

Ainda no século XIV, o Bispo de Pelage queixa-se que as mulheres continuam a ser ordenadas e a receber confissões.

Século XX, Paulo VI dispensa de celibato a alguns padres.

Como vimos, esta prática teve avanços e recuos; as Igrejas Orientais Católicas mantêm o casamento dos padres ali ordenados, sem o repúdio de Roma; apenas os bispos são escolhidos entre os celibatários.
Como compreender que em 16 de Novembro 2006 , o Papa Bento XVI tenha presidido a reunião de Chefes da Congregação da Cúria Romana, onde se reafirma "..o valor do celibato sacerdotal segundo a ininterrupta tradição católica..."?, sendo pois que, nem sempre foi ininterrupta, nem tradição absoluta!
Como entender as "excepções", e a  diferença de tratamento entre várias facções da Igreja?

Do ponto de vista humano, quantos dramas pessoais não foram provocados por esta prática? Alguém é capaz de sentir como sente a mulher de um padre cujo amor não pode viver á luz do dia? Alguém pode imaginar o que passa na cabeça de uma criança cujo pai é padre? Ou não é o homem o eixo central de toda e qualquer religião? Porque seria o amor de um homem e uma mulher contrário ao cargo e missão de padre?

Concluo que a verdadeira razão desta práxis prende-se com a vontade de tornar os padres uma espécie de funcionários do culto, vivendo de costumes enraizados na sociedade Cristã, cuja missão não corresponde necessariamente a uma démarche de fé.

Quem se esqueceu que a palavra Católico significa simplesmente Universal?