quinta-feira, 1 de março de 2012

LOGOS


Pessoal e intransmissível, avessa, contraditória, recorrente, independente, emancipadora, poderíamos continuar mencionando atributos sem todavia conseguir beliscar ao de leve a definição de tão recorrente palavra : “ Liberdade”.  
Talvez os antónimos me esclareçam: servidão, dependência, interdição, constrangimento, obrigação... Não! Nem assim me acerco da noção. Tão pouco ajuda expressões do género: “tomei a liberdade de...”, ou ainda “permiti-me de...” donde se deduz que a mesma emana de uma atribuição, portanto não é intrínseca ao sujeito.
Pior ainda se referirmos a “liberdade condicional”, “liberdade sob caução”, “liberdade provisória”, onde nos defrontamos com contradições semânticas que em nada ajudam na contenção precisa do significado.
Finalmente, pior do que pior, (é a mesma coisa que “pior que tudo”, mas não é igual) a noção contém os seus contrários quando refreada por máximas: “quanto mais liberdade, mais responsabilidade”, “a minha liberdade cessa onde começa a do vizinho...” 
Talvez por tudo isto se lhe retire conteúdo, relativizando; dividimos a acepção em bocados, parcelando-a criteriosamente e ela vira plural; liberdades de: pensamento, opinião, imprensa, sindical, religiosa, politica...
Assim se atribui “graus de liberdade”, conferindo o direito de fazer tudo aquilo que não é proibido. Afinal todas as premissas que enumerei bem podem estar erradas, talvez não exista qualquer contradição, simplesmente porque não existe essa tal “liberdade”, por esta expressar apenas um carácter indeterminado da vontade humana.
Quiçá devido á nossa autonomia de pensamento, o intimo de alguns de nós anseia por algo mais amplo; algo libertador de parcelamentos, pois estes são sentidos como grilhetes não como direitos.
O estado, detentor exclusivo do uso da força, "regulamenta" continuamente o cidadão, sem que este possa contestar; eventualmente para sobreviver, submissão e obediência tornam-se-lhe imprescindíveis. Logo que deixe de haver criminosos nos quais manifestar a primazia da força, criam-se novos regulamentos por forma a aumentar o número de interditos e consequentemente o número de "crimes", portanto de criminosos.
Há tantas coisas consideradas “crime” que volveu impossível viver sem ser criminoso. Assim se apoderaram de toda liberdade individual, a condicionaram e repartiram em pedacinhos. O propósito tornou-se evidente: manifestação de poder! Afinal, de que serviria o poder se não o pudessem manifestar? Com boa ou má consciência, não importa, somos todos uns criminosos.

A Ayn Rand, filosofa, russa/judia/americana, deixou-nos as seguintes reflexões:

"Quando você perceber que para produzir precisa obter a autorização de quem não produz nada;
quando comprovar que o dinheiro flui para quem negoceia não com bens, mas com favores;
quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e pela influência mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas que pelo contrário, são eles que estão protegidos de você;
quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício;
Então poderá afirmar, sem temor de errar, que a sua sociedade está condenada!"

Acho que depois ela ainda acrescentou: "Filhos da puta!"

Não me é possível explorar todos os recantos do tema liberdade num só post; mas continuarei falando dela!                
                      Até lá, deixo-vos com o Georges Moustaki que lhe dedicou uma canção de amor.



2 comentários:

  1. Estamos em sintonia pois o meu post vai ser sobre a falta de liberdade e as oligarquias russas nomeadamente o Czar Putin. A Musica é maravilhosa. Realmente hoje estavas inspirado. Amei a citação de Any Rand, é realmente o que se passa hoje em dia com esta crise. Em que os que espoliaram os países criam leis que os protegem e o povo é que paga. um abraço companheiro de luta pela liberdade e pela justiça.

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