sábado, 24 de março de 2012

Levitação de Sofá


Esta manhã, depois de uma noite demasiado curta, dava-me jeito executar as tarefas do dia simplesmente pela força do pensamento. Depois, voltaria para a cama e dormiria mais uma soneca. Só de pensar que deverei deslocar o sofá da sala para a cave já sinto uma dor nas costas. Mas, vamos lá ver, a levitação, essa coisa que chamam psicocinese, terá mesmo jeito de funcionar? Há algum desenvolvimento técnico que me permita simular a mesma coisa?

À primeira vista a psicocinese parece impossível; desde logo porque o ser humano não acumula energia suficiente para influir sobre a matéria;
Pelo menos assim me dita a razão...
No entanto, toda a gente, viu na televisão, o famoso físico Stephen Hawking utilizar um sintetizador de voz ou usar um computador com um simples olhar.
Os Aparelhos de interface servem para amplificar os sinais emitidos pelo pensamento sendo depois enviados para um computador. A partir daí as variadas tecnologias permitem monitorizar as máquinas  interligadas com este. Fiquei sabendo isto depois de uma pequena investigação, acompanhada de um bom café, enquanto o sofá permanece no mesmo lugar.

Parece que ficou famoso, ou pelo menos ficou nos anais da ciência, o caso de Matthew Nagle. O rapaz permaneceu paraplégico na sequencia de uma rixa em que foi defender um amigo e levou com uma faca que o deixou naquele estado. Vai daí, começou a grande aventura: sobre a parte do cérebro que coordena a atividade motora foi-lhe implantado um chip ligado a um amplificador, por via de fios de ouro, sendo os sinais enviados para computador munido de um software capaz de reconhecer alguns padrões criados pelo cérebro e de os traduzir em movimentos mecânicos. Ouf, milagroso, não? Mas infelizmente aquele sofá permanece onde estava.

Teimando um pouquinho mais no tema,  fico a pensar ; se não dispomos de energia suficiente para re-arranjar a matéria, como intervir com ela a nível atômico? Imaginemos que possamos implicar com uma parcela de molécula; estaríamos então a interferir com o intimo da matéria. E logo talvez já possa deslocar uma porção (ínfima) do sofá, sentado aqui ao computador.

O problema também deriva de mim próprio; sou pouco dado a treinos de concentração yogi, budista...ficaria tão cansado que preferia transportar "aquilo" às costas! Felizmente parece que o microscópio a efeito de túnel permite deslocar, manualmente um átomo de cada vez e reconstruir a matéria sob formas diferentes da original. Se dispuséssemos de um microscópio deste tipo, adequado a deslocar vários átomos em simultâneo, e esse aparelho ligado a um processador capaz de interpretar os nossos pensamentos, obteríamos a capacidade de agir sobre qualquer matéria simplesmente pela força do pensamento. Isto dependeria da capacidade de mapear o cérebro com precisão, amplificar os sinais por ele emitidos e desenvolver software para os interpretar. Se alguém dispor dessa tecnologia, é favor dizer com urgência, antes da minha mulher trazer o cabo da vassoura, por causa do maldito sofá que não se mexe dali apesar do meu esforço de investigação.

As possibilidades tornam-se infinitas se pensarmos numa impressora 3D como as que existem há algum tempo, em que poderíamos pela força do pensamento criar qualquer objecto a qualquer distancia, bastando para tal uma linha de comunicação entre o interface cérebro-máquina e a impressora. Aliando as duas tecnologias obteríamos um "replicador" como aquele que vimos em "Star Treck", um aparelho que nos permitiria simplesmente construir tudo aquilo que alguma vez necessitaríamos; bastando emitir um desejo...

Para agir sobre a matéria a nível molecular existe outra tecnologia em pleno desenvolvimento; os nanobots são micromáquinas, na ordem do 0.1 a 10 micrômetros (1 micrometro = um milésimo de milímetro) possivelmente auto-replicantes, isto é: serão capazes de se replicar. Naturalmente esta tecnologia nada tem a ver com a psicocinese, a não ser pelo desejo do homem operar ao nível intimo da matéria. Eu terei de operar sobre o sofá, portanto não me alongarei muito mais. Ah, como a varinha do Harry Potter daria jeito!

Na verdade existe uma espécie de "replicador" que a natureza levou cerca de três milhões e meio de anos a desenvolver, e graças ao qual eu estou escrevendo estas linhas e você lendo-as. Chama-se ADN.

Mas já estaríamos abordando outra questão, e tenho ainda que tratar do sofá!

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