segunda-feira, 19 de março de 2012

A Gaiola do Internauta

A luta entre os gigantes provedores de plataformas de internet não é nova, apenas se agudizou. Neste quadro insere-se a queixa (demanda) de yahoo contra facebook, onde a primeira reclama para si o direito patenteado de mensajaria, publicidade e sobretudo o acesso aos dados privados dos usuários. Na sequencia temos de analisar como esta boa gente começa a intervir muito seriamente com as liberdades individuais e a famigerada liberdade de expressão.
No presente a soma dos dados sobre cada um de nós, dispersos entre a google, microsoft, facebook e yahoo, permite o aceso ás nossas vidas privadas, desde preferencias alimentares, status social, o que escrevemos ou lemos; nem os nossos hábitos mais ínfimos lhes escapam. Desta maneira traçam retratos robot, esquiços que vendem ao melhor preço para atingir lucros faraminosos, e a termo, o control absoluto do comportamento de cada um.
Obviamente, a "net" passou a fazer parte das nossas necessidades básicas, por excelência um local de liberdade onde se podia dizer tudo sem receios, pois por anos considerámos a rede coisa segura, sem imaginar que tanta informação podia vir a ser compilada colocando em causa os direitos fundamentais do citadão.
A Yahoo parece uma empresa exangue, desesperada pela falta de novidade, moribunda e ultrapassada devido a uma aliança com a facebook, em que esta soube aproveitar os endereço dos usuários da outra para multiplicar por três a sua cobertura de clientes. Não passa portanto de um daqueles episódios em que cada plataforma luta por base de dados, e nós somos o objecto impotente da luta.
A questão da base de dados é essencial e vinculativa no que a esses gigantes diz respeito. Quanto a nós, meros piões do grande jogo, é aqui na rede que teremos de lutar para começar a inverter a concentração de informação, obrigar o legislador a refrear o poder dos detentores da mesma, como medida séria de prevenção.
Assiste-se, com impotência, ao fenômeno inverso, aquele em que por um lado os nossos registos ficam cada vez mais accessíveis a qualquer crápula capaz de os comunicar, e por outro lado à tentativa de limitar a liberdade de expressão do usuário na internet, por parte de diferentes governos, além dos próprios gigantes da  informação também se inclinarem  nesse sentido com medidas próprias. (últimos exemplos: o "panda" da Google, ou a mudança de domínio de sites criados pelo usuário, sem o informar nem lhe pedir consentimento)
Frequentemente para indexar um simples blog, ou mesmo um artigo num agregador, chegam a perguntar o nome, o sexo, a idade, estatuto marital, quanto ganha, a profissão, o nível acadêmico, o endereço, e até, como no caso do "sapo" o número de contribuinte. Curiosamente (?) os políticos olham para o lado.
Liberdade ordenada, pois, mas como disse o Henri Leclerc: "A liberdade de dizer tudo não tem inimigos senão aqueles que querem se reservar o direito de fazer tudo"
Que podemos nós fazer, como reagir? Comecemos por denunciar a situação, insistentemente aqui na net, nos vossos blogs, nos sites onde possam comentar e manifestar o vosso direito à indignação. Entretanto mandemos informação errada sempre que tenhamos que responder a perguntas de indole pessoal.
Independentemente das motivações, a informação de cada um também pode se acessada por hackers, como no caso aqui reportado: http://folha.com/no1063044

Podemos, pela analogia que a historia nos permite, tentar perceber melhor a perspectiva que nos espera em termos de liberdade de expressão; mas isso será tratado num próximo post.

* Oleo sobre tela: Felicidad Garantizada de Denis Nuñes Rodriguéz

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