terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Servidão Voluntária




Longe dos calores eleitorais aos quais os meios de comunicação dão relevancia imediatista, podemos aproveitar agora para um pequeno interlúdio de reflexão; aqui segue um inicio do muito que há por dizer. 
Até há bem pouco tempo o universo dos eleitores se dividia em simpatias partidárias, mas nos últimos anos um novo dado veio baralhar as contas: a abstenção. Quando antes se discutia em quem iriamos votar, agora a questão é se iremos ou não votar.
O sistema de democracia representativa ao qual nos habituámos parece ter deixado de representar todos aqueles a quem é suposto dar voz, considerando que uma maioria de descontentes deixou de votar por não acreditar no atual sistema.
O eleitor, ao exercer o seu direito de voto, aceita os resultados decorrentes, e concomitantemente o modelo de representação politica; implicitamente não se coloca em causa se este sistema o representa ou não, pois ao votar se supõe que entende expressar uma opinião dentro dos parametros colocados á sua disposição.
 São frequentes os apelos ao voto por parte dos agentes politicos e a mensagem passou a pontos que á medida que cresce a abstenção em cada eleição aumentam de igual forma as lamentações sobre a falta de civismo daqueles que não votaram, porquanto a classe politica não  questiona sobre o porquê do fenómeno e das suas dimensões. De acordo com a idéia vigente fica ajuizado como citadão de segunda todo aquele que não se reveja representado nos atos eleitorais.
Mas nós temos um governo eleito no verão 2011 com dois milhões cento e cinquenta e nove mil votos a somar aos seiscentos e cinquenta e quatro mil votos do PP, portanto um total de dois milhões oito centos e quatorze mil votos, num universo de nove milhoes e meio de eleitores. Por outras palavras: mesmo somando os votos do PSD aos do PS obteremos um número inferior ao número de abstencionistas.  Ainda se pensará que o fenómeno provém da falta de civismo dos portugueses sem nos interrogarmos se há outra questão? Daqueles que não acreditando mais neste sistema e se dão o trabalho de ir ás urnas, cento e quarenta e oito mil trezentos e setenta e oito votaram em branco. Inquietante para a classe politica se os somarmos aos três milhões oitocentos setenta mil abstencionistas!
Importa, portanto reflectir, encontrar soluções, debater, apontar direcções, questionar os diferentes edificios do poder: presidencia da républica, o poder legislativo, o poder executivo e o poder judicial. 

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