segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Urgente: Democracia Directa



Vivemos num modelo de sociedade assente na chamada democracia representativa, onde os eleitos não incarnam os eleitores; pavoneiam-se, espelhando um nível de vida e uma classe social que responde apenas perante os respectivos aparelhos partidários. A Oligarquia politico-financeira tomou definitivamente as rédeas do nosso destino e do País. 

A qualquer momento podem nos exigir prova de pagamento do selo de um carro que porventura se vendeu há quatro anos e o desprevenido cidadão, que pagou mas não pode provar, será assaltado. A qualquer momento um ministro pode decidir que o nosso salário não nos será pago como tínhamos convindo com a entidade patronal, e a qualquer outro momento podemos todos ficar sem o mínimo recurso de sobrevivência porque os governantes, em clara divergência de interesses com o povo, assim decidiram em nome de qualquer "superior interesse da nação." 
Publicitam a imagem do cidadão caracterizada pela abnegação, incapaz de escolhas politicas de interesse geral, ignorante das vantagens de outros modelos políticos, inapto para tomar em mãos o seu próprio destino, do bruto que não vê como o candidato a deputado depende do seu partido para integrar as listas e depois de eleito torna-se independente dos eleitores, a eleição é irrevogável, e nem tem de exprimir a vontade de quem o elegeu. As instituições financeiras serão em seguida tomadas de assalto por aqueles "eleitos" que entretanto terão tido tempo para definir os seus próprios ordenados, prémios, comissões e reformas chorudas, para montar uns negócios... Qual conflitos de interesse, qual quê? 
E o abnegadoignoranteinaptoebruto de se interrogar: "Que democracia é esta, o que representa esta gente?"
Somos portanto tentados a optar por vias de governação em que o povo soberano volte a se apropriar do poder.

A título indicativo, numa pequena lista, não exaustiva, de normas largamente inspiradas na Democracia Directa:


- Uma Constituição que obrigue à consulta popular através de referendo em todas as questões, todas as leis e  

  tudo o que de antemão não se encontre especificamente descrito no pelouro governativo pela própria 
  constituição, desde que seja do concerne do conjunto da população. Por exemplo: a adesão a organismos 
  supra-nacionais, a aceitação de programas económicos, "Troikianos" e outros, compra de submarinos ou linhas 
  de TGV, enfim tudo aquilo que influa decisivamente na vivência social e económica do povo.
- A criação de organismos de cidadãos fora de qualquer âmbito governativo e partidário que fiscalize a actividade   
  dos eleitos, sejam eles governantes ou não, e o cumprimento dos respectivos programas. 
- Retirar da assembleia da republica o poder legislativo absoluto, criando um mecanismo de consulta prévia 
  junto dos municípios. 
- A eleição dos deputados deixaria de ser por lista, pois poderíamos a votar em nomes provindos de várias listas. 
- Os deputados representariam os eleitores da sua região. 
- Os pedidos de disciplina de voto pelos partidos ficariam banidos na assembleia, e substituídos por negociações 
  de compromisso... 
- Os partidos políticos não poderiam apresentar candidatos a eleições a nível local.
- As assembleias municipais seriam compostas por tiragem à sorte de uma lista de candidatos não partidários, 
  que por sua vez elegem o executivo por mandatos de dois anos. Executivos e presidentes não podendo ser 
  reeleitos consecutivamente. 
- Todos os eleitos podem ser propostos a serem retirados do cargo pelo organismo de fiscalização, sob consulta 
  popular.
- Iniciativas populares por meio de recolha de assinaturas para propor leis ou modificar as vigentes.

Convido, a quem tenha disponibilidade, a acrescentar, debater ou rebater o que lhe convier. Em todo o caso duvido bastante que os beneficiários do actual sistema pactuem minimamente com as ideias aqui expostas.  






quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A GRANDE TRAIÇÃO

Como prolongamento do raciocino liberal, a globalização do comercio aparece como o desenvolvimento lógico que permitiu ultrapassar a rigidez das regulamentações dos estados-nação. A partir de então as decisões de gestão das multinacionais têm uma direta repercussão sobre a arquitetura social.  Numa primeira fase a globalização pretendeu simplesmente propagar o sistema capitalista a todo o espaço geográfico mundial criando dependências cada vez mais acentuadas dos países mais pobres relativamente aos mais ricos.

A criação dos mercados financeiros globais ocorre na mesma sequencia. A partir dos anos 90, com a banca a ter um papel preponderante, os mercados financeiros acabam por reger a governação a nível das nações, das associações de nações como a UE, impondo finalmente uma tirania fiscal geral e globalizada. Os governantes eleitos, sejam eles de pequenos ou de grandes países receando os comerciantes do dinheiro passaram a cobrar impostos aos cidadãos para os entregar aos bancos. Os impostos deixaram de funcionar como uma redistribuição servindo a geralidade dos cidadãos, para se transformarem em prestação pecuniária para manutenção do sistema financeiro. O sistema politico de representatividade supõe um pacto entre o eleitor e o eleito, em que este protege aquele, mas agora não passa de um sistema que protege o mundo financeiro, roubando desavergonhadamente as populações. O pacto foi traído!

Por ausência de poder politico como poder regulador, os grandes aglomerados financeiros revelam-se como os novos governantes embora não eleitos nem mandatados. Vivemos a etapa intermédia conducente à mundialização; esse estado superior de mundialização constitui a emergência de uma nova ordem universal, baseada na dissolução das soberanias nacionais por abolição dos poderes de decisão económicos e consequentemente sociais. Sem pretender debater a questão do bem fundado da mundialização, parece estar em causa um modelo de governação em que os governantes eleitos estão ao serviço dos verdadeiros dirigentes que escondem o rosto. Outrora, até finais dos anos setenta, os direitos fundamentais serviram de cobertura para o ocidente ostracizar publicamente os países que não os respeitavam; lembremo-nos do caso da China, por exemplo: relações oficiais e comerciais congeladas supostamente por razões de principio. Até que Nixon e do seu mentor Kissinger baldearem os ditos princípios com a água das flores, e iniciarem uma proveitosa relação com a tirania chinesa. Resultado, os chineses continuam oprimidos, a liberdade de expressão inexistente, os motores de busca da Web sob control, etc. E os chineses exportaram para o ocidente esse seu modelo de cidadania  que estamos agora aplicando. É óbvio, para quem queira ver, que os governantes chineses mudariam imediatamente de atitude relativamente ao seu povo se os EUA, o Japão e a UE, decidissem subitamente boicotear os produtos chineses, sob pena de assistirem a uma sublevação popular. Neste momento, isto parece não interessar aos ocidentais, porque os ditos princípios tão pouco interessam mais; pelo contrário, por cá, este é o modelo em vias de implementação. Vivemos uma época de transição para um mundialismo politico; infelizmente não se pretende maior união entre os povos, senão do control de toda a riqueza pelos grandes aglomeratos financeiros.
  
Os governantes eleitos procurando salvaguardar a sua imunda tigela tentam debilitar qualquer revolta no ovo, promulgando novas leis de repressão e adaptando-as às novas tecnologias, de tal modo que até o direito de se manifestar e mesmo de apelar outros a se manifestarem se torna crime, como se assiste agora na  Espanha, em que o simples facto de informar de uma manifestação, inclusive por e-mail, ou pelas redes sociais pode dar até dois anos de prisão. O governo espanhol aprendeu depressa com os motins e as manifestação de revolta que aconteceram na Grécia. Nos Estados Unidos existem agora drones (Veículos voadores não tripulados) para vigilarem os cidadãos  câmeras de segurança vigiando as ruas 24 horas por dia, e até um desenfreado desenvolvimento de tecnologia e software para prever o crime antes mesmo deste acontecer, como no filme Minority Report. Por exemplo traçam retratos robot dos utilizadores do Facebook   monitorizam a atividade de cada um, e quem não usar Facebook também se torna suspeito...

O jogo do poder não é um jogo de mesa em que os parceiros se sujeitam obedientemente às regras.;  quando se dá a cara por poderes "superiores", todas as regras perdem o efeito. Só a rejeição incondicional pode ajudar-nos. Não basta que haja um tribunal de direitos do citadão em Estrasburgo por exemplo. É preciso que haja tratados de segurança para garantirem que as decisões desse tribunal sejam executadas por todas as nações. Sem essa garantia ficaremos todos subordinados ao poder económico, e aos seus lacaios políticos; estes serão sempre mais papistas que o papa, como se apercebe através das atuais privações de liberdade e restrições económicas.

Parece que o destino da humanidade depende mais do que nunca das forças morais que consiga mobilizar. Temos de conseguir que os direitos consagrados na carta dos direitos humanos, a democracia verdadeira e a garantia das nossas liberdades se torne uma questão vital para a humanidade, um verdadeiro combate que deve atrair todos os homens de boa vontade e de personalidade vigorosa. Será uma luta árdua porque, com estas novas leis, acabaremos por travá-la no campo da ilegalidade, mas legitima por pretender repor os direitos fundamentais. Será necessariamente contra dirigentes, que por interesses muitas vezes odiosos exigem dos seus concidadãos um sacrifício de vida que, em última instancia, redunda também num ato criminal. Dizia Thomas Jefferson que "um povo que aceita perder uma fatia da sua liberdade em troca de segurança, não merece ter liberdade, nem segurança." Muitos dos que dizem defender as liberdades não estarão dispostos a dar a cara, invocando os motivos mais diversos.
Com esses não poderemos contar.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

A CURA CONTRA A MORTE

Dois posts, um sobre telecinese e outro sobre telepatia incluídos neste blog, foram adornados de humor e derrisão bastantes como para me precaver de demasiada exposição à ortodoxia vigente. Naturalmente a maioria de nós configura as suas atitudes, e o que diz ou escreve, de acordo com o respectivo conformismo. Quiçá cortejando perigosamente o ridículo, pretendo redimir-me um pouco dessas fraquezas.

De conformista, o Kenneth Hayworth,  pouco ou nada tem. Detentor de uma dúzia de patentes enquanto trabalhou na NASA, afirma com toda a tranquilidade: "Iremos preservar um cérebro, cortá-lo em fatias finíssimas, transportá-lo por simulação para um computador, e daí para um robot". Postula a que o primeiro seja o seu próprio cérebro com os biliões de sinapses e neurónios, submetido ao processo de preservação num bloco de resina colorida, antes de morrer de morte natural.

Pois sim, leu bem, ANTES de morrer de morte natural! Significa que tem de morrer primeiro, mas NÃO de morte natural. Antes de se tornar demasiado velho e frágil, especula, tomará a decisão de se dirigir a um hospital, onde, com o sistema vascular ainda em funcionamento, um conjunto de drogas fixarão as proteínas e os lípidos do seu cérebro, impedindo a degradação, e matando-o instantaneamente. De seguida será injetado com uma solução marcadora por metais pesados afim de tornar visíveis, sob microscópio, as membranas celulares. Depois vem drenagem de toda a água do cérebro e da medula espinhal que é substituída por uma resina plástica. Finalmente, cortado em fatias ultrafinas fotografadas sob microscópio de electrões de modo a mapear com toda a precisão as conexões. Assim, logo que os cientistas sejam capazes de determinar a função de cada neurónio, poderão simular a mente num computador, e o cérebro, embora fisicamente destruído, retomará consciência sob forma electrónica.

Para mapear o cérebro o Kenneth Hayworth inventou uma máquina capaz de fatiar os tecidos com 30 nanómetros de espessura, isto é mil vezes mais fino que um cabelo humano, melhorando consideravelmente a arte de cartografar as conexões cerebrais, um ramo muito especifico da neurociência chamado connectonics. Colocando fatia sobre fatia obtém-se um mapa completo em três dimensões. Muitos cientistas acreditam que nós somos os nossos connectones, ou seja somos o resultado das interligações. A capacidade de aprender depende da plasticidade do nosso órgão que cria, ao longo da nossa existência, sempre mais conexões, moldando-nos e voltando a nos moldar através da respectiva experiencia de vida.

Os processos científicos genuinamente revolucionários partiram de visionários que ousaram transpor as fronteiras da ciência em cada época, em contraponto com os convencionalismos que sempre constituíram um travão importante ao estabelecimento de novos paradigmas. Segundo o Kenneth Hayworth, usando a tecnologia disponível, (a preservação do cérebro, o mapeamento e a simulação da arquitetura neural por computador), poderemos ter encontrado o remédio final: a cura contra a morte.

Referencias: www.brainpreservation.orghttp://hplussummit.com/hayworth.htmlgeon.usc.edu/~ken/;  http://singularityhub.com/tag/kenneth-hayworth/http://www.janelia.org/people/scientist/kenneth-hayworth


domingo, 27 de maio de 2012

A Teoria do Biocentrismo

E se fosse a vida quem cria o universo, e consequentemente este não existisse sem a nossa consciência? Assim, em vez de assumir que a realidade precede e cria a vida, o Biocentrismo propõe exactamente o inverso.

À medida que nos desfazemos de preconceitos, a nossa percepção e relação com o mundo mudam drasticamente.  Vivíamos num disco mais ou menos plano no século XV até, coisa sem sentido, nos dizerem que afinal a terra é uma pedra redondinha. Do mesmo modo, as explicações da física tradicional sobre a génese do Universo confrontam-nos agora com as experiências e as descobertas no mundo da física quântica, renovando dúvidas e levantando novas incertezas; obrigam a mudanças de interpretação que colocam em causa a nossa própria representação da realidade.

Com o seu ensaio "Nova Teoria do Universo", o cientista Robert Lanza coloca-nos de repente perante perspectivas radicalmente diferentes:  limitações biológicas  nos impedem de compreender verdades mais profundas da nossa existência e do mundo que nos rodeia, bem como a nossa própria consciência cria a realidade.  A ideia coincide com as observações quânticas em que os resultados dependem da própria observação. Como escreveu Eugene Wigner, laureado com o prémio Nobel: "Não é possível formular as leis da teoria quântica de um modo absolutamente consistente sem referencia a uma consciência".  Em 2010, conjuntamente com Leonard Mlodinow, o Stephen Hawking colocou o problema nos seguintes termos: " Não há forma de retirar o observador -nós- da nossa percepção do mundo...na física clássica, o passado é assumido existir como uma série de acontecimentos. Mas de acordo com a física quântica, o passado, como o futuro, é indefinido e existe apenas como um espectro de possibilidades.

A teoria do Biocentrismo refere sete princípios:
1 A nossa percepção da realidade é um processo que envolve a consciência. Uma realidade "externa" se existisse, teria, por definição, que existir no espaço. Mas isto não tem qualquer significado porque espaço e tempo não são realidades absolutas, senão meras ferramentas do humano e cérebro animal.
2 As nossas percepções internas e externas estão inextricavelmente entrelaçadas. São diferentes lados de uma mesma moeda e não se podem divorciar uma da outra.
3 O comportamento das partículas sub-atómicas, de facto de todas as partículas e objectos, está inextricavelmente ligado à presença de um observador. Sem a presença consciente do observador, as partículas existem, no melhor dos casos, apenas no estado indeterminado de probabilidade de onda.
4 Sem consciência a matéria permanece num indeterminado estado de probabilidade. Qualquer universo que poderia ter precedido a consciência apenas existiu em estado de probabilidade.
5 A estrutura do universo só pode ser explicada através do Biocentrismo.O universo está sintonizado com a vida, o que faz sentido, porque a vida cria o universo e não o contrário. O universo é simplesmente o conjunto lógico espaço-temporal do Eu.
6 O tempo não tem real existência fora da percepção do sentido-animal. É o processo pelo qual perceptimos mudanças no universo.
7 O espaço, como o tempo, não é um objecto ou uma coisa. O espaço é uma outra forma de compreensão animal, e não uma realidade independente. Carregamos o espaço-tempo como tartarugas as suas carapaças. Portanto não há nenhuma matriz existindo por si própria na qual  ocorram acontecimentos independentes da vida.

Pensando no tempo pensamos imediatamente na sua natureza perversa, quando as pessoas envelhecem e morrem, pensamos ainda nas coisas que vão mudando.Mas esses acontecimentos, essas mudanças não são a mesma coisa que "tempo". Referindo à questão colocada por Hawking e Mlodinow, Robert Lanza responde que "a peça em falta somos nós, encontra-se em nós. A imortalidade não significa perpetual -linear- existência no tempo, reside simplesmente fora do tempo. A vida é uma viagem que transcende o nosso pensamento clássico".

Como diria Einstein, a distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma teimosa e persistente ilusão.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Os verdadeiros responsáveis pela crise na Europa

O governos liderados por Berlusconi na Itália e Papandreou na Grécia caíram sem o voto de desconfiança dos respectivos parlamentos. E ambos primeiro ministros foram substituídos, sem eleições, por tecnocratas de um banco: o Goldman Sachs. Uma estranha forma de democracia. Não ficaram por aqui; o mesmo banco colocou o seu antigo director para as operações na Europa, o Sr. Mário Draghi, como director do Banco Central Europeu. Diabo! Então como acontecem estas coisas?

Na verdade, começa pela impunidade de que as oligarquias politicas gozam apesar de durante anos promoverem o empobrecimento do país e das pessoas.

O país que deu luz à democracia, aquele que estruturou todo o pensamento ocidental, é insultado pelos média ao serviço da grande finança, e nós, aos poucos, até começamos a acreditar.

A génese da ignomínia tem simplesmente a ver com a forma como a banca lidou com os empréstimos acordados ao estado. Começou em 2000 quando o banco Goldman Sachs ofereceu os seus serviços para maquilhar o défice das contas públicas, em troca de choruda remuneração, afim de fazer parecer que o país tinha contas equilibradas, e assim aceder aos fundos europeus. Entretanto o objectivo do banco é vender "Swaps", na forma de CDS (credit defaut swap) ao país. Do que se trata? Simplesmente de empréstimos contra reembolsos periódicos. Mas a taxa de juros fica indexada sobre a avaliação de risco financeiro que é determinado pelas agências de rating como a Standart and Poor. Portanto bastará a agência de rating considerar  o risco mais elevado para os juros subirem. Como os juros sobem, apesar do país continuar a honrar os pagamentos, torna-se mais interessante o negócio para os bancos que vão ganhando cada vez mais. É então que se torna mesmo apetitoso: o banco detentor da dívida vende a outros bancos, neste caso a bancos gregos a dívida do seu próprio governo, oferecendo ainda uma protecção (uma espécie de seguro contra os riscos de boa cobrança), e recebe parte dos juros pela protecção de risco. A agência de rating avalia então o risco como ainda maior, e a Goldman Sachs vende também a protecção de risco a outro banco. Como aconteceu em Portugal com o BPN, há que salvar o banco grego, e assim vão os contribuintes pagar. Quanto mais subirão os juros mais apetitoso se tornam os negócios, menos capacidade de honrar os compromissos por parte do país, piora o rating, e assim sucessivamente até à situação que hoje conhecemos.

São depois os mesmos banqueiros que vêem se apregoar salvadores do mundo, começando por colocar os seus boys, (já os iremos analisar mais adiante) nos lugares chave para poder impor as "necessárias" medidas de austeridade. Segue aqui uma pequena lista, infelizmente incompleta: Todo o dinheiro que se arrecadará irá directamente para os cofres da banca.

- redução do ordenado mínimo.
- supressão do 13 e 14 mês.
- aumento do IVA para 23%.
- aumento dos transportes públicos.
- aumentos dos combustíveis
- aumento dos impostos sobre tabaco.
- supressão do pagamento de horas extraordinárias.
- redução dos salários dos funcionários.
- venda de terrenos e edifícios públicos
- privatização de caminhos de ferro, distribuição de água e electricidade.
- titularização das receitas de lotaria
- redução do orçamento na saúde
- redução no orçamento para o ensino
 Também somos gregos, pois aplicaram a mesma receita a Portugal e à Espanha. A mesma! Não é  Estranho?

Em jeito de observação, a Standart and Poor acabou de comprar à Goldman Sachs o seu "Indice de mercadorias" por 60 biliões de Dólares. Ah, já me esquecia: a Standart and Poor pertence ao aglomerato de companhias Mcgraw-Hill, que tem na sua direcção conselheira a Senhora Barbara Bush. Ainda para a pequena informação, uma notícia que testemunha como estas agências trabalham: saiu na semana passada o relatório do Sub-Comité de Investigação do Senado norte americano responsabilizando a agência Moody's e a Standart and Poors, como estando na base da crise financeira de 2008, a maior desde a grande depressão. A actuação foi muito simples uma vez mais: A S.& P acordou com os bancos a atribuição do melhor ranking (AAA) a produtos de maior risco de crédito para que os bancos os pudessem vender aos fundos de pensões, sabendo que estes só compram produtos de ranking AAA. E agora centenas de páginas  e centenas de e-mails provam que estas duas agências fizeram exactamente isto, em concertação.

Vale a pena perder mais uns minutos para conhecer alguns dos boys da Goldman Sachs que promovem autênticos golpes de estado.
Mário Monti, nomeado, sem elecções, 1º ministro da Itália, conselheiro internacional da GS (Goldman Sachs), antigo Conselheiro Europeu, conselheiro Internacional da Coca Cola, administrador da Barilla center for food and nutrition, Ex administrador de Fiat, Ex administrador de Assigurazzioni Generali, Ex administrador de Banca Commerciale Italiana, Ex administrador de IBM Itália, etc. Ah, e membro da Comissão Trilateral, of course.

Lucas Papademos, nomeado, sem eleições, primeiro ministro da Grécia, foi governador do Banco Central Helénico, entre 1994 e 2002, e, a esse título,  participou na operação de encobrimento das contas públicas perpetrada pela G.S. Ah, e membro da Comissão Trilateral, naturalmente.

Paul Deighton, director geral do comité organizador dos Jogos Olímpicos 2012, 22 anos trabalhando na Goldman Sachs...

Por último, mas não menos importante, Mário Draghi, Presidente do Banco Central Europeu. Foi vice presidente da GS para a Europa entre 2002 e 2005. Uma das suas missões era vender o produto financeiro "swap", a países soberanos permitindo a dissimulação de parte das dívidas de estado. (soberanas). Agora como supremo banqueiro da Europa, imagine-se como o BCE vai intervir no apoio financeiro aos estados. Passa-se assim: o BCE manda o dinheiro para os bancos do país, e estes o "entregam ao estado", cobrando uma comissão. Pois é isso mesmo: os bancos continuam a ganhar, mesmo nestas circunstancias. Imoral? Certamente! Ah, adivinhe... Acertou! Sim, o senhor é membro da Comissão Trilateral.

Pouparei ao leitor a extensa lista de todos os GS boys que ocupam cargos importantes na vida pública Europeia. Contra a Goldman Sachs correm vários processos legais, nomeadamente a chamada "subprime crisis" nos Estados Unidos e na Europa, além da forte suspeita de fraude na Europa, claramente ligada ao desastre financeiro grego. Mas a Europa encontra-se agora com estes senhores ocupando lugares extremamente importantes a nível de governos e no Banco Central Europeu. Como é possível que os outros políticos não questionem quanto ao conflito de interesses?  Como é possível a Goldman Sachs ter acesso legal aos mais altos níveis de Estados e da União Europeia? Por demais estes boys não chegaram de mansinho, mas sim com todos os dentes fora, rosnando austeridade, austeridade, austeridade...

Verificou-se na Grécia, em Espanha e Portugal que para a aplicação das medidas de austeridade, as oligarquias financeiras estão dispostas a recorrer à repressão policial, apesar da má imagem que isso transmite. Assim iniciaram desde há meses uma luta ideológica com a colaboração da imprensa "profissional", a mesma que ainda há bem pouco tempo não se cansava em denunciar a submissão dos poderes públicos à ditadura quer dos bancos, quer das agências de ranking. Progressivamente passaram a usar aquelas "frases de choque", colocaram debates entre "especialistas", controversas entre jornalistas, em suma um grande circo para propagandear a crise. A imprensa tornou-se a correia de transmissão das posições defendidas pelos adeptos de uma austeridade implacável. As redações dos média começaram a considerar a crise como a solução para desinfectar as finanças públicas. A campanha levada a cabo pelos banqueiros conta ainda com a ajuda de "economistas consagrados"que nos orientam entre retórica e urgência para a mesma desinformação. Esta desinformação, porém, não poderia frutificar sem  a cumplicidade, consciente ou não, dos jornalistas, numa atitude que pouco ou nada tem a ver com a neutralidade que tanto proclamam. Assim, contribuem fortemente para que os parlamentos e os governos se tornem as melhores sucursais do sistema bancário.

Os desvios que trazem opressão deverão ser contestados e eventualmente combatidos por TODOS os meios, em nome do direito natural à resistência do povo para se opor à manifestação de poderes violentamente arbitrários; assistimos a uma tirania financeira, politica e social, intimamente ligada à arrogância e ao excesso. Disse TIRANIA! Tirania, etimologicamente, significa, em grego, "poder ilegítimo" Quanto aos políticos, ainda que eleitos, provêm de uma oligarquia; conhecemo-los também pela insolência donde brota, sem sombra de dúvidas, uma forma de tirania imposta pelo enfraquecimento moral dos governantes que promovem a desconfiança e o empobrecimento dos cidadãos.









sexta-feira, 18 de maio de 2012

Suicidio

"Quando um velho morre, é uma biblioteca que arde", disse, com verdade, Amadou Hampaté Ba. O Dimitris Christoulas não foi o primeiro suicida na Grécia, nem o último entre pessoas decentes, nos países a sul da Europa, como resultado da austeridade que nos tornou todos prisioneiros da dictadura da Troika e de governos fantoches e corruptos.

Quando um homem decide apagar a sua chama interior desta forma, ilustra de maneira abjecta a que ponto  tentaram responsabilizar as populações, negando a calamidade no quotidiano, como se o drama se circunscrevesse à salvaguarda única e exclusiva dos interesses bancários, e desde logo tolerável que as populações sofram as politicas dos governos Oligárquicos. Assim impuseram o desespero, como sentimento de normalidade.

Há algumas semanas perdi um amigo; o José Banha suicidou-se, por razões semelhantes às do Dimitris Christoulas.  Falar do meu amigo, é falar de um homem bom como o pão, é exteriorizar uma emoção que, por pessoal, não a torna menos universal. Foi daqueles que trabalhou, trabalhou, trabalhou...e digo: o meu amigo não se suicidou; na realidade foram aqueles filhos da puta que o mataram.

Os paspalhos que nos governam não falam dele; mas deveriam, e nós também! E podíamos acrescentar que somos todos gregos, e estes do mesmo modo, são todos portugueses. Há cada vez mais Dimitris e Josés Banhas, cada vez mais pessoas a não tolerar o intolerável. Contrariamente ao que nos querem fazer crer, isto não é, nem nunca foi, uma questão de contabilidade. Se 70% da massa monetária (fiduciária) encontra-se bloqueada nos cofres bancários, e 90 % da "dívida" são juros, então não preciso de saber muito mais para afirmar que a banca é culpada de tudo, e os governantes cúmplices activos: por exemplo se eu compro uma casa com empréstimo bancário, o vendedor ao receber o dinheiro da venda vai depositá-lo noutro banco, portanto ninguém fica privado do dinheiro anteriormente em circulação. Mas logo que um dos bancos perde confiança no outro banco quem vai sofrer as consequências é o Zé do Povo. E se algum desses bancos tiver dificuldades os governos estão cá para nos dizer para pagar mais impostos porque é necessário socorrer o pobre do banqueiro. É insano!

Na realidade, para "eles", a questão não se resume ao dinheiro, senão à capacidade de se apoderarem de tudo, empresas, casas, e do resto, até ficar-mos tão enfraquecidos que não mais poderemos protestar. Assim, quando o desespero bater à porta do vizinho, viramos a cara para o lado, e, se por engano bater à nossa, o vizinho fará a mesmíssima coisa, ambos esquecidos que a doença era contagiosa.

Mais uma palavra sobre o meu amigo: lendo os jornais, consultando as notícias "oficiais", não mais encontrei que uma constante teimosia em diluir, reduzir o drama de um suicídio a uma conjuntura, uma crise, referindo-se à "situação global do sector", á "divida do país", eventualmente "à necessidade de fazer algo", sem porém nunca apontarem o dedo aos responsáveis. Caramba! Além do mais são tão isentos de humanidade que nem percebem o intimo de uma tragédia, a catástrofe de uma família.
A comédia e a afectação insultam a base da inteligencia e do coração.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Jogos Olímpicos e mobilização militar

Nunca, desde a segunda guerra mundial, tamanha capacidade bélica se tinha concentrado em Londres; os meios são simplesmente impressionantes:

- 13 500 militares mobilizados; isto é um número superior ao contingente que serve actualmente no
   Afganistão. (9 500)
- O número de seguranças contratados: 23 700 homens.
- Forças policiais nacionais, Scotland Yard, SAS, MI5,
   UKSF, forças especiais de intervenção rápida,
   todos os serviços de segurança e vigilância
   mobilizados.

- Jactos rápidos, (caças) e helicopteros patrulharão os céus de Londres.
- O maior navio de guerra britânico, o HMS Ocean, ficará atracado no
   Tamisa, servindo como porta helicópteros.
- Um Boeing E30 AWACS, patrulhará os céus.
- Baterias anti-aérias equipadas com misseis terra-ar instaladas em
   telhados de zonas habitacionais.

O total das medidas excepcionais de segurança com custos estimados em 1.2 ml milhões de Euros.

Surpreendente, extravagante, inexplicável, toda esta panóplia adicional, na cidade reputada a melhor e mais defendida do mundo contra ataques exteriores. Se, no passado recente, Londres sofreu actos de terrorismo, foi a partir do interior, por terroristas que simplesmente transportaram engenhos explosivos em mochilas. Ora não é certamente com meios aéreos, misseis terra-ar, e gigantescos navios de guerra que se previne este género de terrorismo; a desproporção de meios corresponde a pretender matar um rato com tiros de canhão.

A cidade habituou-se a acolher importantes concentrações dos mais proéminentes dirigentes mundiais, por exemplo aquando do recente casamento do príncipe William, sem que porém os meios aéreos, navais e balísticos fossem accionados, nem a fobia do terrorismo atingisse o paroxismo a que se assiste. Naturalmente, nessas ocasiões ninguém esperaria um ataque aéreo ou naval contra Londres. Mas então porque o estariam agora a considerar? O que é que escondem?

Que presságio ou conhecimento justificam a quantificação e os meios, senão a previsão de uma contingencia tão calamitosa que não poderiam partilhar a informação?  Ou trata-se meramente de expor ao mundo o poder belicista do país, e simultâneamente mostrar á sua população que a Inglaterra continua sendo uma grande potencia militar? Assim, os britânicos acabariam substituindo a circunspecção pelo grotesco. Em qualquer dos casos estes J.O. colocam-se nas antípodes do espírito Olímpico de Pierre de Coubertin. Do espírito e da letra; veja-se a letra do tema musical escolhido para a abertura oficial dos Jogos:

"LONDON CALLING"
"Londres chama as cidades distantes
Agora a guerra está declarada, e a batalha começa
Londres chama o submundo
Saiam do armário rapazes e garotas
Londres chama, agora não nos olhem
A farsa da beatmania comeu poeira
Londres, vejam que não oscilamos
Aceita a coisa pelo toque

Coro
A era do gelo está chegando, o sol está sumindo
Degelo esperado, o trigo cresce fino
As máquinas param, mas não tenhas medo
Porque Londres está afogando, e eu vivo junto ao rio

Londres chama para a zona de imitação
Esquece irmão, podes ir lá sozinho
Londres está chamando os zombis da morte
Deixa de te agarrar, dá mais um suspiro
Londres chama, e eu não quero gritar
Mas enquanto falamos, vejo-te acenar de cabeça fora
Londres chama, vê não temos superioridade
Excepto aquela de olhos amarelados

Coro

Agora pega isto

Londres chama, sim eu também esta lá
E sabes o que eles disseram? Bem em parte era verdade
Londres chama, para o topo do relógio
Depois disto, não me dás um sorriso
Londres chama

Nunca me senti tão igual, tão igual, tão igual..."

 Ambivalências extremas, numa capital de zombis, chamando ao pesadelo, numa atmosfera apocalíptica. A meu ver, no que toca ao espírito olímpico esta letra é profundamente consternante, embora bem adaptada ao carácter grotesco anteriormente relatado. Não posso deixar de associar a letra do tema escolhido com as medidas de segurança tomadas, como se a soma de ambas resultasse numa profecia tão iminente quanto dramática.

Assim fala-se das medidas de segurança, da fobia do terrorismo, dos custos, de teorias da conspiração, e de mil e uma coisa relativas a estes J.O., não deixando de surpreender o pouco que se comenta relativamente à parte desportiva, e confraternizadora do evento. É como se o essencial tivesse sido banido destes Jogos. Tudo está preparado para o "Grande Evento", seja lá o que isso significa. À vista de tudo isto imagino que se o Pierre de Coubertin pudesse se levantar de entre os defuntos, preferiria ficar onde está do que presenciar esta demência.


Finalmente, apesar de tentarem lhes retirar o conteúdo, os Jogos Olímpicos comportam ritos próprios; no dia dez de Maio, frente ao Templo de Hera, construído há mais de dois mil e seiscentos anos no Monte Olimpo, uma senhora vestida de Sacerdotisa usou um espelho côncavo para concentrar os raios solares que acenderam a tocha Olímpica. Apesar do que estão fazendo à Grécia e aos gregos, naquele dia não houve nuvens no horizonte.



Esperemos que dia vinte sete de Julho, quando começarem os jogos, as trevas tão pouco se aproximem de Londres, e do mundo.



terça-feira, 8 de maio de 2012

O Maior centro de Espionagem do mundo: "Data Center of Utah"

Ficará operacional em 2013, o "Data Center de Utah", o mais sofisticado, o maior  centro de espionagem que o mundo conheceu. A população norte americana acorda lentamente para uma nova realidade, onde emails, telefonemas, listas de compra on-line, chat na net com amigos, redes sociais, buscas que se fazem no Google, ou seja virtualmente toda a sua vida fica armazenada e eventualmente vasculhada.

Progressivamente, as agências de informação governamentais ficaram cada vez menos tolerantes com a salvaguarda da intimidade individual consagrada na lei. O programa "Total Information Awareness" foi iniciado sob a tutela da administração do G.W. Bush, no inicio do seu primeiro mandato. Porém o Congresso liquidou o projecto em 2003, depois de severas criticas sobre a possibilidade de invasão da privacidade das pessoas. Mas a NSA, Nacional Security Agency, não abandonou as suas pretensões.

As manhas e as ilegalidades sucederam-se, escapando inclusive ao controle do Foreign Office Surveillance, a autoridade que controla e autoriza a recolha de dados no interior dos EUA. Instalando monotorizadores electrónicos nos principais postos de companhias de telecomunicações, (Verizon, AT & T..) armazenaram uma quantidade exponencial de informação. Apesar do facto de se poder armazenar tanta informação como um tetrabyte em dois centímetros quadrados, instalações especificas para tratamento tornaram-se indispensáveis. Finalmente, quando o congresso votou a favor do "FISA Amendments act of 2008", tornou legal estas práticas; simultâneamente as telecom que concordaram em participar na vasta empresa de espionagem obtiveram garantias de imunidade perante a justiça.

As instalações actualmente em construção são simplesmente assombrosas: 300 000 m2 de área útil; 2.2 biliões de dólares investidos; requer 65 Megawatts de potencia eléctrica; 6.5 milhões de litros de água por dia;  60 000 toneladas de equipamento de arrefecimento(o equivalente á soma das duas torres gémeas). Embora muito importante, não se tratará apenas de recolher dados sobre os cidadãos americanos. Com esta ordem de grandeza, para armazenamento de informação, fica em falta o respectivo tratamento.

Carece, o "Centro de espionagem", de um elemento vital que  tem vindo a ser secretamente desenvolvido no Tennessee; o mais potente computador jamais contruido. Ultrapassou a barreira do pentaflop, e o próximo objectivo será atingir o hexaflop; um quintilhão de operações por segundo. Da potencia de cálculo dependerá a outra missão: a quebra do AES, o Padrão de criptografia Avançada, que foi reputado inquebrável, e por isso é usado para as transações financeiras, o correio corporativo, e a correspondência diplomática. Aos olhos da NSA, esta razão, só por si, já justificaria a construção do Centro de Espionagem.






quinta-feira, 3 de maio de 2012

Espionagem legal nos EUA

O controle das massas e o rastreamento de cada pessoa numa sociedade Orwelliana já começou. Se nos podem escutar as conversas através do micro, mesmo quando o telemóvel se encontra desligado, se dispõem de leitores automáticos de matriculas de carros, um leitor/quilómetro quadrado em Washington, se instalaram "iluminação publica inteligente com câmara", para nos ver e ouvir, se o Big Brother invadiu a nossa privacidade, se tudo isto não basta, quero ainda aqui referir mais um episódio do reforço de monitorização; provém dos EUA, como seria de esperar.

Com efeito, em breve não haverá mais necessidade de radares nas estradas norte americanas; uma caixa negra instalada no carro, informará a policia no momento em que o automobilista ultrapassa a velocidade limite, debitando instantaneamente a multa na respectiva conta bancária. Aquando de um acidente, as companhias de seguros determinarão causas e culpas, pela simples consulta destas caixas negras instaladas em todos os carros novos vendidos nos EUA a partir de 2015. Na verdade as seguradoras não necessitam destas caixas para aceder à informação em caso de acidente, porque os componentes computorizados dos airbags registam a informação relevante segundos antes e depois de  acidente. Então, o que está aqui em causa?

A verdadeira utilidade do novo dispositivo não reside na gravação de dados sobre acelerações e travagens. Através do GPS todos os automobilistas ficarão localizados em permanência; é esse o real objectivo. Pela forma como a lei foi proposta, qualquer informação gravada na caixa permanece propriedade do dono do vehiculo. No entanto as autoridades terão acesso aos dados em determinadas circunstancias. Há tantos exemplos apontando governos, autoridades e até organizações privadas, que se aproveitam indevidamente de informação para espiar o cidadão, quem nem vale a pena nos debruçar sobre a questão....

Entretanto um "Spy Center", o maior e mais sofisticado de sempre, ficará operativo a partir de Setembro 2013, em Camp Williams, Utah. Além de recolha de dados, será também um centro de decriptagem capaz de quebrar códigos de transacções financeiras, dados científicos, informação intergovernemental, informação diplomática, etc...Para colecta de informação, a NSA já criou uma rede de monitorização, que vai desde os e-mail, até ao simples contacto telefónico.

Sabemos então que, apenso ao ficheiro de cada pessoa, no banco de dados do Spy Center, estarão também as suas deslocações, tempo e modo de condução e tudo aquilo que se passou ou disse dentro do vehiculo.

Wellcome à terra dos Homens Livres!

terça-feira, 1 de maio de 2012

Lei Marcial nos Estados Unidos

O decreto foi postado no site da Casa branca na sexta feira 16 de Março, 2012. A Lei Marcial, sob o nome de "Protecção dos Recursos",  tornando o presidente único decisor, sem ter de prestar contas a ninguém. Obama detém o poder absoluto em matéria de defesa nacional, com as respectivas implicações para o país e para a democracia.Tudo isto em tempo de paz...
http://www.whitehouse.gov/the-press-office/2012/03/16/executive-order-national-defense-resources-preparedness

Tentemos compreender algumas implicações: a lei Marcial em tempo de paz é uma preparação, uma espécie de projecto, daquela que será efectivamente declarada. Ficou delineado o plano director para prestar ao presidente todo e qualquer recurso julgado necessário; na prática significa que absolutamente tudo pode ser requisicionado, racionado, e controlado pelo governo; materiais de construção, meios de transporte,(particulares inclusive),  alimentos, gado, manteiga, açúcar, todas as importações, os combustíveis, as roupas, etc.

A partir de agora já nem é necessário uma guerra; depois deste decreto o governo pode assinar contratos, sem concurso, com grandes sociedades, conceder empréstimos e garantias, em nome da promoção da Segurança Nacional. E nada melhor que uma guerra, para gerar enormes lucros para estas sociedades... à custa do povo. De acordo com a própria constituição americana, pode-se entender o recurso a um decreto-lei outorgando tamanhos poderes e competências, para agir sobre uma realidade excepcional. Porém, nesse caso, o dirigente máximo do país tem de prestar os esclarecimentos que justifiquem a excepcionalidade dessa mesma realidade, de acordo com um regime que se apregoa democrático. Nada disso foi feito; pelo contrário, o decreto saiu uma sexta feira, sem que qualquer explicação ou debate contraditório, o tivesse antecedido.

 Tipicamente o decreto da lei marcial acompanha a suspensão da lei civil, direitos civis, habeas corpus e a aplicação ou extensão da lei e justiça militar aos civis. Em 31 de Dezembro 2011 foi votada a lei "National Defense Authorization Act", NDAA, que permite a administração norte americana deter indefinidamente  e sem processo, todo o cidadão americano suspeito de representar uma ameaça para o país. Leu bem, sem acusação formada, sem processo e indefinidamente!

Portanto há agora nos EUA um presidente com poderes ilimitados sobre os bens e sobre as pessoas do seu país. Qualquer cidadão poderá ser detido para sempre, ser ordenada a sua execução ou tortura, de acordo com uma simples suspeita. Em contrapartida quem proferir uma obscenidade, por exemplo, arrisca a prisão nos termos descritos. Mesmo que Obama nunca venha a usar todos estes poderes, parece-me absolutamente aterrador que ele possa legalmente dispor de tão ilimitada autoridade.

Os EUA se preparam para uma guerra, ou uma catástrofe de grande amplitude? Vão atacar o Irão, a China, ou a Rússia? Esperam um grande tremor de terra, o impacto de um asteróide na terra, ou a invasão de extra terrestres? Aguarda-se alguma revolta pública no país que justifique estes meios? A actual crise financeira Europeia, que sabemos ter sido propositada, está relacionada com isto? E a breve implantação de chips nos EUA a partir de Março 2013?  O Clube Bilderberg, que se reúne na Virgínia entre 31 de Maio e o  3 de Junho, tem planos para o futuro Governo Mundial, e ordenou o inicio das operações?  Mistério! Mas certamente não teremos de esperar muito mais para sabermos.


domingo, 29 de abril de 2012

Implantação obrigatória de Chip nos humanos

Não, não é sonho; é pesadelo! A partir de 23 de Março 2013 começará a implantação de microchips nos Norte Americanos. Sem microchip debaixo da pele não poderão aceder aos  serviços de saúde. O chip permitirá monitorizar em tempo real cada cidadão; agora a saúde, depois o sistema bancário, abrangendo rapidamente todas as áreas da vivência humana; um deste dias o cidadão comum não poderá arranjar trabalho, nem comprar uma alface, sem chip implantado.

Estas coisas acontecem porque há uma classe de gente que pretende dominar tudo e todos. Os banqueiros e seus lacaios políticos! Comecemos por analisar a forma como a administração conseguiu fazer aprovar uma lei com a cumplicidade do Senado, sem levantar o coro de protestos que seria de esperar.

Em 2004 a Food and Drug Administration aprova os dispositivos de classe II.  Este dispositivo é um sistema implantável, receptor-transmissor por rádio frequência. Um Chip implantável sob a pele humana. (ver: http://www.fda.gov/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/GuidanceDocuments/ucm072141.htm ) Em principio nada de mal, na medida em que um mecanismo deste tipo poderia servir para cuidar pessoas com alzheimer, trissomia, e por aí adiante..Por demais, apenas o organismo responsável pela segurança da pessoa "chipada" acessaria à respectiva informação, sem a conservar, e assim ficaria salvaguardada a privacidade individual. Na verdade, como vamos ver, a aprovação da FDA, serve um programa mais vasto.

Vinte e um de Março, 2010, (um domingo), foi apresentado o Orçamento de Cuidados e Saúde dos EUA, e dois dias depois é aprovado e transformado em força de lei pelo Senato, sob a denominação de HR 3200.
Na parte final de um documento com mais de mil pàginas, na secção intitulada C Sec 2521, aparece a criação de um Registro Nacional de Dispositivos Médicos, com o seguinte lavrado: "O secretariado estabelecerá um Registro Nacional de Dispositivos Médicos afim de facilitar a análise da informação dos resultados de cada dispositivo que é ou tenha sido usado em, ou num paciente; sendo dispositivo de classe III;  (implantes mamários, por exemplo) ou de classe II que é implantável, de apoio de vida, ou sustentação de vida"  Com esta redacção, que mais parece ter sido escrita por um habitante de Marte, até parece uma lei bastante anodina, para quem não consultar o texto de lei HR 3200, no qual está tudo regulamentado, mas espalhado de modo a iludir a compreensão.

Assim temos de ir à secção 163 do HR 3200, página cinquenta e oito, linhas de cinco a quinze, para esclarecer um pouco do que está em causa; cito: "Os dispositivos RFID (radio frequency identification device) permitem, em tempo real, a determinação da responsabilidade de um individuo, no ponto de serviço, com um médico especifico, numa instalação especifica, que pode incluir o uso de um plano de saúde legível pela máquina, permitindo a adjudicação em tempo real."
Em linguagem de gente, significa que se o paciente se desloca ao hospital, é-lhe descontado da conta bancária em tempo real, a consulta que vai ter. Ou seja, caso tenha um plano de saúde, sem o chip não é atendido. Fácil de ver como irão tornando o implante obrigatório.

Não menos inquietante, na página 1007 do HR 3200, são os padrões de implementação na secção "CRITÉRIOS DE IMPLEMENTAÇÃO". Cito: "Ao Secretário de Saúde e Serviços Humanos, são dados plenos poderes e mandatos para a criação do Processo de Registro, bem como ditar a forma como concebe a listagem do Registro Nacional de dispositivos médicos a serem usados e implementados."
Ora o Secretário de Saúde e Serviços humanos, a quem a FDA, também reporta, é um politico membro do gabinete do Presidente. No fundo todas as informações possiveis e imagináveis, sobre todos os cidadãos norte americanos ficarão disponíveis para qualquer agência governamental, sem o consentimento de quem quer que seja.

O Big Brother chegou ao EUA, mais tarde ou mais cedo espalhará por todo o lado, a bem da "globalização"!









sábado, 28 de abril de 2012

O mistério das pedras esféricas

A questão que se coloca é como povos tão distantes, e de culturas tão diferentes tiveram a mesma ideia: fabricar esferas de pedra. Apareceram por toda a parte, desde Porto Rico, Nova Zelândia Bósnia, China, México, Brasil, Argentina, Republica Checa, Ilha de Pascoa,Venezuela, Espanha, Marrocos...

Os autores das esferas permanecem desconhecidos, e nos países onde foram encontradas, os povos não as reclamam como legado cultural dos seus antepassados. Em alguns casos, lendas locais reportam a Deuses vindos do céu, montados em dragões de ferro, como criadores das esferas. Claro que lendas há muitas, mas para além de lendas vejamos quais são as explicações que nos restam.

Em verdade parece que os diversos países, e a comunidade cientifica em geral,  não se tem esforçado muito para fornecer uma explicação razoável. Eis aqui algumas das fábulas que os cientistas de serviço pretenderam nos fazer engolir: as bolas de pedra encontradas em Marrocos, todas elas bastante pequenas, serviriam par artilharia de canhão. Pequeno inconveniente: estando soterradas em Cartago, fundação romana, ainda não se conhecia a pólvora. Nem valeu alegar que poderiam ter servido de objectos de outro tipo de arremesso guerreiro, pois não se percebe porque haveriam de ter sido polidas.

E assim à medida que estamos numa ou noutra região vão-se dando tantas como disparatadas explicações cientificas para explicar a existência daquelas pedras esféricas; na Nova Zelândia, o discurso oficial é que são maravilhas da ....natureza. As do México, são de origem vulcânicas...embora não exista nenhum vulcão por perto, nem remotamente extinto. As de  Bósnia estão em estudo, as de Espanha vulcânicas, as da china não se sabe, as de Venezuela, oficialmente nem existem, e as de Porto Rico, lá se aventuram a afirmar que são artificiais. Bem a verdade é que ninguém sabe.



De dez centímetros a três metros de diâmetro, de algumas centenas de gramas a vinte toneladas de peso, há para todos os gostos. Ora formadas por granito, ora por arenito, ora por rocha plutónica, ou ainda composta por coquina, uma rocha calcária, parece não haver padrão comum, a não ser a forma geométrica,  a origem desconhecida, o método de fabricação ignorada e o  incógnito propósito a que se destinavam.

Há daqueles mistérios antigos que se adensam à medida que o tempo decorre; na Nova Zelândia descobrem-se em 1848, na Bósnia em 1938, na China em 2007, na Venezuela em 2008...e continuam a aparecer as misteriosas esferas um pouco por toda a parte, sem que nada as possa relacionar entre elas.  A datação com carbono 14 apenas serve para aferir a datação de elementos orgânicos, consequentemente não é aplicável nestes casos.


Portanto a idade, o significado, o uso, o contexto cultural, o método de fabrico e os autores "do crime", em suma tudo, permanece absolutamente especulativo. Uma coisa é certa: nada sabemos!

quinta-feira, 26 de abril de 2012

As Pirâmides da Europa

Uma pirâmide com 213 e outra com 190 metros de altura, ambas mais altas e mais antigas que as do Egipto, inseridas num conjunto de cinco pirâmides descobertas....na Europa. Incrédulos com o fabulosa descoberta, a comunidade "oficial", a Associação Europeia de Arqueólogos, decide vetar o assunto ao ostracismo, denunciando como fraude um achado que não proveio do seu seio, até  porque seria necessário reescrever os conceitos da história, colocando em causa todo um edifício laboriosamente construído.

Na Bósnia, a uma vintena de Quilómetros de Sarajevo, erguem-se uns estranhos cúmulos com uma forma simétrica piramidal. Foi a partir deste constato que Semir Osmanagic formulou a teoria que seriam de origem humana. Osmanagic cria a Fundação do Parque Arqueológico da Pirâmide Bosnia, constituida por uma equipe de arqueólogos, historiadores, antropólogos e egiptólogos vindos da Austrália, Áustria, Escócia, Eslovénia e Estados Unidos, iniciando as escavações em 2006, sem data limite marcada.

As buscas começaram pela mais alta, nomeada "Pirâmide do Sol", devido à semelhança com a Pirâmide do Sol mexicana. Depois os trabalhos alargaram-se ás duas colinas vizinhas, nomeadas "Pirâmide da Lua" e Pirâmide do Dragão", avistadas pelo satélite de alta resolução NASA Landsat-7 e por fotografias aéreas, relatando também a existência de mais duas, a que deram o nome de "Pirâmide da Terra", e "Pirâmide do Amor".

Descobriram um labirinto de túneis e câmaras, obviamente feitas por mão humana. Por todo o lado esferas em pedra, perfeitíssimas, umas desenterradas, outras ainda por desenterrar. Curiosamente também há pedras muito parecidas em Porto Rico, México, Nova Zelandia, e Guatemala. Oficialmente estas pedras não existem, por muitas fotografias que se tirem e inúmeros testemunhos que se apresente.
As pirâmides acumularam tanta terra que há toda uma vegetação por retirar tal como aconteceu em várias pirâmides na América do Sul. À medida que este trabalho é efectuado vão-se descobrido pavimentos de uma regularidade tal, que dificilmente se poderá imaginar como trabalho da natureza.

A simples hipótese da existência de pirâmides na Europa nem se coloca ao arqueólogo vivendo com as certezas de um universo de escolástica formal. Todavia muitas grandes descobertas aconteceram precisamente porque algumas pessoas não se contentam com o que lhes ensinam, e abrem a mente para trilhar caminhos até então desconhecidos. Contactado um arqueólogo com vinte anos de experiência, não deixou de me surpreender que ele nunca tenha ouvido falar das Pirâmides da Bósnia.

Parece que face ao desconhecido a Associação Europeia de Arqueólogos prefere criticar quem continua com os trabalhos de investigação sob pretexto que é um gasto de recursos inútil, e porque não reconhece autoridade aos investigadores que trabalham nas escavações. Estes argumentos não servem para negar a existência das pirâmides, apresentam-se meramente para denegrirem o achado, não hesitando porém em dizer que é um sitio de valor arqueológico da Idade Média, e que a equipe da fundação poderá estragar o que aí se encontra; Cheira a má fé à distancia. Tão pouco apresentaram alguma explicação relativamente ao labirinto, ás lages de pedra artificial, nem ás esferas de pedra.

Para cada um julgar por si próprio, aqui fica o site oficial desta fantástica descoberta: http://piramidesdebosnia.com


sábado, 21 de abril de 2012

Graal, Templários e Cátaros

Viver em pobreza e castidade, num lugar hostil e perigoso, empoeirado e semidesértico, deixando para trás riquezas, belas mulheres, ambientes aprazíveis e lugares na corte, parece a escolha menos óbvia para qualquer cavaleiro com um pouco de inteligencia. E no entanto muitos cavaleiros, apesar de inteligentes, cultos e ricos, optaram por deixar as suas terras e o seu bem estar para percorrer aquelas outras povoadas de "infiéis" e de perigos. Porquê? O que é que poderia superar todos os bens e confortos, para tomarem tal decisão?

Imediatamente a seguir á sua fundação oficial, em 1129, um elevado número de cavaleiros, da mais fina flor da nobreza europeia, postula entrar na Ordem dos Cavaleiros do Templo, que contava então com apenas nove cavaleiros. Espantosas doações em terras, ouro e jóias afluem de toda a parte, sem nada oferecido em troca. Hugues de Payns, o fundador e Mestre da ordem é recebido pelo rei da Escócia, pelo rei de Inglaterra, pelo rei de França, numa altura em que ainda conta com apenas nove companheiros. Acabou de superar uma estadia de nove anos nas cavalariças do Templo de Salomão, em Jerusalém. Que terá ele descoberto que valha o súbito interesse dos monarcas e do Papa?


Por esta época, na Ocitania, sul de França e parte da Catalunha, a religião dos Cátaros que professa o seu próprio evangelho (S. João) conhece um desenvolvimento que não deixa de inquietar as autoridades eclesiásticas.
Por volta de 1230, Montségur, um castelo a 1200 metros de altitude é a capital dos Cátaros. Ao analisar as similitudes linguísticas entre a "Romança do Saint Graal", 1200-1210, escrito por Wolfram Von Eschenbach, intitulado "Parsifal",  o castelo do Graal  nomeia-se "Monsalvat", nome de significado similar a  "Montségur", ou seja montanha segura. O nome de Raymond Pereille, senhor histórico de Montségur soa estranhamente como o do herói da epopeia do Cavaleiro Parsifal. Noutras obras do século XIII sobre o Saint Graal, reencontramos o nome de Raymond Pereille transformado em Perilla. Conclui-se que Montségur e Monsalvat são um e mesmo castelo; o fabuloso castelo do Graal. Na versão de Eschenbach, o Graal, em última instancia é guardado pelos Templários. Podem-se aproximar do Graal apenas os eleitos partilhando...uma linhagem comum .

Uma das importantes feitorias templárias encontra-se precisamente na Ocitania, em pleno território Cátaro; não é portanto de estranhar que numerosos nobres cavaleiros Cátaros integrem a Ordem, numa interligação permanentemente suspeita para o clero. Em 1209 a Igreja de Roma decreta uma cruzada que finda quando a  inquisição acende a última fogueira a um Cátaro, em 1322. Os Papas e os reis de França em conjunto levaram mais de um século de carnificina para conseguirem os seus intentos. Mas terão mesmo conseguido? No que toca ao tesouro Cátaro, sabia-se que estava em Montségur. Em 1244, durante o cerco ao castelo pelo menos quatro Cátaros conseguiram escapar ás tropas do rei e do Papa, transportando pesadas caixas com eles. Obviamente, a feitoria dos Templários ficando perto, em Rennes-le-Chateau,  imagina-se porque tal tesouro nunca foi encontrado.

Quando as forças do rei e do Papa, entre seis e dez mil homens,começaram a sitiar Montségur, o castelo podia contar no máximo com quinhentos soldados. A queda acabou por ocorrer dez meses depois, em Março 1244. As tropas Católicas ofereceram condições e termos de rendição generosas: Todo o Cátaro que renegasse a sua fé herética seria perdoado, após depor junto ás autoridades da inquisição. Na manhã do 16 de Março de 1244, entre 225 e 240 Cátaros, homens e mulheres, desceram do castelo e tomaram posição junto á fogueira preparada no sopé da colina para a sua execução, entoando cantos para que Deus perdoe ao seus assassinos.

Na manhã do 13 de Outubro de 1307, na maior operação policial da história, os Templários de todas as feitorias em França foram presos. Encontraram no Templo de Paris um molde de cabeça de mulher, que segundo alguns testemunhos, estaria sempre presente, à direita do Grão Mestre, nas reuniões restritas da direcção do Templo. A estranha ligação entre os templários e os Cátaros, estes descendentes de Jesus, e os outros guardiões do Graal, percebe-se que o Graal não pode ser outra coisa senão a linhagem do próprio Jesus, transportada por  Maria Madalena, da qual os Cátaros foram depositários, e os Templários, seus guardiões.

* Templário. O punho da espada lhe serve de cruz.
** Castelo de Montségur.
*** Vitral da Igreja Católica de Kilmore, Dervaig, na Escócia. Jesus com Maria Madalena, grávida.




quarta-feira, 18 de abril de 2012

O Mandato dos Cavaleiros do Templo

Setecentos anos depois da execução do Mestre da Ordem dos Cavaleiros do Templo, permanecem todavia questões essenciais sem resposta clara, e mistérios por desvendar; talvez por isso mesmo continuam a nos fascinar. Porquanto se possa investigar, há perguntas ás quais podemos tentar responder, ainda que apenas parcialmente: Como surgiram os Templários, como e por quem foram mandatados, qual a sua missão, e que segredos encontraram enquanto escavaram no Templo de Salomão?

O Estevão Harding nunca confundira fé com cegueira. Abade da Ordem Cisteriana, da qual fora co-fundador em 1098, podia finalmente dedicar-se ao esclarecimento das dúvidas que mantinha quanto à exactidão da tradução das escrituras.

Fora necessário traduzir do original hebraico diretamente para latim. Por felicidade o mais célebre dos sábios judeus, Rashi, vivia relativamente perto da abadia, na vila de Troyes. A sabedoria e esclarecimento do velho Rabi Rashi trouxeram-lhe perspectivas novas, colocando em causa algumas passagens do antigo testamento, mas também princípios fundamentais da fundação da própria Igreja. Outro foco de sabedoria Rabínica encontrava-se em Metz, a mais de duzentos quilómetros, mas era necessário confirmar as traduções de Rashi. A partir do que aprendera com os Rabis, Estevão Harding revisitou e corrigiu a Bíblia latina de Gerónimo; dez anos de trabalho, numa abadia pobre, com poucos com quem partilhar abertamente o que aprendera; para além do trabalho traduzido, muito mais haveria por transmitir.

Em 1112, entra no monastério aquele que viria a ser o seu aluno preferido: Bernard de Clervaux. O Mestre conta então com cinquenta e dois anos, e o jovem de vinte e dois é um aluno brilhante. O Bernard ficará junto a Harding por três anos, para depois ir fundar a sua própria abadia, em Claire Vallée. A extraordinária personalidade de Bernard, o seu singular magnetismo, rapidamente atrai muita gente, entre os quais Hugues de Payns a quem o Abade mandata numa missão que irá determinar a face da sociedade medieval durante séculos.

De Payns acompanhado por oito companheiros apresenta-se ao rei Balduim II de Jerusalém em 1118, com o desejo de proteger os peregrinos dos infiéis, na sua caminhada à Terra Santa. Podemos nos interrogar como apenas nove cavaleiros, ainda que aguerridos, pudessem proteger os peregrinos num mundo infestado de bandos organizados e hostis; certo é que Balduino II cede-lhes as cavalariças do Templo de Salomão. Estas cavalariças podiam acolher cerca de mil cavalos, o que parece um espaço excessivo para apenas nove homens. Durante nove anos, permanecem ali, sem aceitarem mais ninguém no seu seio. Qual a verdadeira natureza da missão destes nove cavaleiros? Talvez a resposta tenha sido encontrada em 1990, quando um grupo de arqueólogos Israelitas descobrem, nas cavalariças do Templo, sinais de antigas escavações, que segundo eles, poderiam ter sido realizadas pelos...Templários.

Hugo de Payns mantém a correspondência em dia com o mentor da missão, Bernard de Clervaux. Depois de nove anos de presença nas cavalariças do Templo, regressam a França com os seus companheiros. Imediatamente são recebidos pelo abade; aparentemente trazem informações importantes, pois prontamente Bernard de Clervaux toma contacto com vários Rabis da região. O Bernard de Clervaux tornara-se entretanto um personagem incontornável no seio da Igreja, sendo pai espiritual do Papa em exercício. Um ano depois da chegada dos cavaleiros convoca o Concilio de Troyes, escreve do seu próprio cunho as regras da ordem e funda oficialmente a Ordem dos Cavaleiros do Templo.

O Hugo de Payens, primeiro mestre da ordem, era casado com Catherine de Saint Clair, oriunda de uma família de origem Normanda, que tinha participado na primeira cruzada em 1096, e cujo patriarca seguira Guilherme o Conquistador, em 1060, para a Inglaterra, instalando-se na Escócia. De Payens viajou precisamente para os domínios de Saint Clair, onde mais tarde se construíra a capela Rosslyn, e cria aí a primeira ramificação da Ordem fora de França. Os de Saint Clair, mudaram o nome para Sinclair, inspiraram o "Saint", Simon Templar, e são ainda hoje uma nobre e prestigiosa família com assento na Câmara dos Lordes em Londres. Entre várias teses em presença, alguns pretendem que Saint Clair deriva de "Sang Clair", estando de alguma forma ligados ao "Sang Royal", ou seja o famigerado St. Graal.

Monges e guerreiros, os Templários acederam sem duvida alguma a segredos esotéricos quando se instalaram nas cavalariças do Templo de Salomão; mistérios que ainda hoje permanecem por desvendar, e cuja guarda foi confiada a Bernard de Clervaux, (mais tarde santificado, São Bernardo) e que o Vaticano ainda guarda ciosamente. Analisaremos num próximo post como São Bernardo e o Vaticano pretendendo ajuda dos Templários para eliminar os Cátaros, e, pela primeira vez, os Cavaleiros do Templo não obedeceram.



sexta-feira, 13 de abril de 2012

Os Cátaros de Agustín

Quando me encontrei com o Agustín de Rojas*,  algo não estava bem; diziam que estava louco. Perdera o lugar de professor na universidade, sem que realmente se soubesse o que aconteceu. Dizia-se ainda que não sabia mentir, nem ser mau com pessoas ou animais, comia apenas vegetais, em suma louco, apesar de se lhe reconhecer o imenso talento de escritor de ficção cientifica. O Agustín dedicava-se a acompanhar e proteger os mais jovens dos escritores ou poetas, com o mero intuito de ajudar e encorajar. Morreu em 11 de Setembro 2011, vitima de doença não especificada. Não morreu de doença, morreu de tristeza!, alega Jinny Zamora**, antiga protegida dele. Afirmava-se descendente dos Cátaros. Este modesto post é-lhe dedicado.
O apostolo Pedro nunca aceitara de bom grado as constantes atenções de Jesus com a Maria Magdalena, em particular tê-la escolhido para revelações místicas à margem dos apóstolos. O Messias, fora sacrificado na cruz, e para Pedro, nenhuma mulher deverá assumir um papel fundamental na Igreja que se pretende fundar; seria perturbador, e contra todas as tradições judaicas. Pedro e Maria Madalena representam dois universos diametralmente opostos. Maria Madalena transporta no seu ventre a semente de Jesus, é sua responsabilidade, mas sem a ajuda dos apóstolos que se colocaram ao lado de Pedro, encorre em graves riscos se não decidir deixar Jerusalém o mais rapidamente possível.

Acompanhada de alguns familiares e amigos, desembarca no sul da França, onde sem inimigos de nenhum género irá ter o seu filho e viver finalmente em paz. Os descendentes de Jesus, diziam-se simplesmente cristãos, chamavam-se a si próprios bons homens e boas mulheres. A pequena comunidade cresceu em numero e em prosperidade durante séculos sem que a Igreja oficial os incomode. Até mesmo os trovadores, ousados e verdadeiros críticos da nobreza e da sociedade, transportavam alguns dos valores atribuídos a esta comunidade, nomeadamente a cortesia, os bons modos, a apologia da mulher como ser amável e espirituoso.
  
Estamos no século X; o Império Carolíngio acabou de se dissolver, os Bispos são nomeados pelos Condes, e Roma detém pouco poder. Na Ocitania, sul de França, vinte por cento da população segue regras e ensinamentos em total contradição com a Santa  Igreja Apostólica Romana. Pior, não lhe reconhecem autoridade evangélica. Diz-se Cristã, esta população enquanto os seus detractores os nomeiam "Cátaros". Eles próprios nunca se chamam assim pois o termo "Cátaro" significa perfeito. Esta gente não come carne nem qualquer alimento de origem animal, não mentem, nem enganam nunca ninguém; a sua diferença não deixa de inquietar os demais.Todavia um misterioso monge teima em conhecê-los melhor, visita-os com bastante regularidade, debatendo com o Bispo "Cátaro", os mais diversos assuntos científicos e teológicos, estabelecendo-se entre os dois homens uma mutua e profunda estima.

Ao longo das sempre curtas convivências vão se revelando algumas facetas extraordinárias do monge Gerbert d'Aurillac. Admirador da ciência e cultura  árabe, desloca-se á Catalunha onde numerosas obras estão sendo traduzidas do grego e do árabe para latim, permanece três anos no monastério de Vich, onde aproveita para se familiarizar com Aristodes, estudar matemática e astronomia, geometria e musica. Pretende substituir a numeração romana por um novo modelo baseado em numeração decimal, desenha letras árabes para representar cada valor numérico. Até a quantidade nula é agora representada por um símbolo que ele chama "zero".

De regresso á Ocitania  empreende de aprofundar os seus conhecimentos sobre a filosofia e a forma de religião dos Cátaros. Estes advogam a não violência, esforçam-se para manter uma vida exemplar, são vegetarianos. Defendem um dualismo de dois princípios divinos, o Deus da bondade, da luz e dos espíritos, e o outro, Deus do mal, da escuridão, e do mundo material. Para eles o Deus bom é omnipotente na bondade, suas obras são perfeitas, e tudo o que ele não criou não é nada (nihil). Existe desde a eternidade e nunca terá fim. Os anjos, também chamados espíritos, são de natureza divina. No "nihil" encontra-se o principio do maligno, o Deus do mal. Este conseguiu desviar uma parte dos anjos, ora pela força ora pela tentação, introduzido-os em corpos carnais fabricados por Lúcifer, porque o Deus maligno não tem existência se não se misturar à criação Divina. Esta criação carnal, com origem num criador imperfeito, terá um principio e um fim que acontecerá quando a parcela divina do ser humano, o anjo, se extrai do corpo carnal para regressar a Deus. Os animais também são susceptíveis de terem recebido uma alma, pois esta pode ser transmitida por transmigração. Apenas pelo Espírito Santo a alma escapará do mundo físico, com o baptismo por imposição das mãos, e não pelo baptismo da água como na Igreja Romana.

Dez anos passaram desde a última visita do monge, quando uma embaixada  composta por cinco homens se apresenta em nome do Imperador Otão III. Entre eles encontra-se o monge Gerbert d'Aurillac. São recebidos com a cordialidade própria de quem oferece tudo o que tem, na presença do Bispo Cátaro de Montségur.
- Amanhã parto para Roma, informa o Monge, fixando o olhar no seu interlocutor.
- Acabaste de chegar Gerbert. Como vês eles estão bem, amanhã vai se realizar uma cerimonia de
   Consolament, o baptismo de uma pessoa. Gostaria de contar com a tua presença, responde o Bispo com  
   doçura.
- O Consolament, o baptismo pelo fogo e imposição das mãos, murmura o monge quase para ele próprio.
  Os descendentes de Jesus e de Maria Magdalena não receiam enfurecer os detractores, cada vez mais 
   numerosos, segundo ouvi dizer...
- O nosso segredo continua bem guardado meu amigo.  Somos os descendentes de Jesus, mas sem baptismo 
   o Cristo não desce até nós, interrompe o Bispo. O rito do baptismo permite o Cristo nos adumbrar, tal 
   como fez com o seu discípulo Jesus nos últimos três anos da sua vida.
- Bem sei como consideram o Cristo: um espirito puro, não incarnado, enquanto Jesus ser humano,
   adumbrado pelo Cristo, se transformou em Jesus-Cristo.
- E sobretudo permitirá a quem recebeu a graça que o seu espirito se junte ao Pai quando deixar este
  mundo. Permite-me um pedido: que rezes novamente aqui, connosco o Pai Nosso. Amanhã, partes para  
  Roma, mas antes disso, serás confirmado no adumbramento, renovando o baptismo como filho de Jesus.
- Não te disse ainda o que vou fazer a Roma....
- Não importa o que vais fazer Irmão. Farás tudo por bem!

Esta pequena história relata como Gerberd d'Aurillac, sob o nome de Silvestre II,  primeiro Papa do ano mil, se tornara protector e grande conciliador de diversas correntes Cristãs daquela época. O seu pontificado iniciado em 997, acabou em 1003. A posteridade reteve-o como grande intelectual e cientista, deixando na sombra o grande humanista que foi. Infelizmente o Papas seguintes .....
Num próximo post, falaremos como, por causa de outros Papas, 240 Cátaros marcharam para uma fogueira cantando hinos, e perdoando aos seus assassinos.

* Agustín de Rojas, Escritor cubano.
** Jinny Zamora, poetiza cubana.